constituem um corpo cônico. Cada dia, duas ou três folhas se abrem, voltando-se para cima e para baixo; porque o corpo está pendurado como um cone; sob essas folhas abertas, aparecem seis, sete ou oito flores, colocadas em ordem; são de cor amarela-clara, medindo cada uma cerca de dois dedos de comprimento; a haste é semelhante a uma pequena canoa, cuja parte, aderente ao ponto de origem, serve de proa; a outra extremidade de popa. Desta procedem cinco folhas estreitas, tendo a figura do instrumento de que se servem os nautas para molhar as velas. Estas folhas ficam eminentes à popa da flor, medindo um dedo de comprido; são amarelas claras, fimbriadas de uma cor de tijolo ("); no meio delas se assenta um estame lúteo, um tanto grosso, da figura de um cajado com um nó, na extremidade com a qual costumam andar os negros. Na sua metade, a canoa se acha debaixo de um invólucro, começando da proa, como em nossos barcos de divertimento; sob este tegumento, dentro da barca, se encontra um líquido ralo ou maná, frio, de gosto do mel, com a consistência e cor da clara do ovo fresco; neste líquido, brotam cinco folíolos com estame; as formigas gostam muito deste néctar. A estas flores seguem os frutos, unidos e dispostos em ordem, achando-se cada qual fixo a um pedículo e apresentando, no seu umbigo, uma flor, que depois cai; o fruto vai crescendo cada dia. Num só ramo se acham às vezes dez, doze e até quatorze ou dezesseis, de maneira que um só pé chega a produzir setenta ou oitenta frutos, que são deixados até que comecem a se tornar amarelos. O fruto, tendo seu completo tamanho, rivaliza com o nosso pepino; é oblongo e quase trilátero, coberto com uma casca um tanto grossa, que facilmente pode ser tirada e dividida com os dedos. A polpa é mole como a manteiga, tendo, no sentido longitudinal, uma medula como o pepino; é de bom sabor e se come só ou com mistura de farinha de mandioca, cozida ou frita com óleo ou manteiga. Aquele ramo carregado de frutos cresce, quando eles amadurecem, e chega a ter o comprimento de dois ou mais pés. Salientam-se flores, que brotam do corpo foliáceo, mas caem sem produzir frutos, pois um pé não produz senão os frutos que pode nutrir e levar ao desenvolvimento. Estando os frutos maduros, corta-se o galho e todo o pé, porque um pé vive um ano apenas e só uma vez produz frutos; muitas vezes acontece que, antes do amadurecimento dos frutos tomba o pé e perece, se não for escorado; quer, porém, caia, quer seja cortado, o resultado é o mesmo, porque, antes que a planta envelheça, nasce-lhe da raiz um ou outro filho e fica anexo ao progenitor; sucede ao que morre e assim indefinidamente se realiza a propagação desta planta; eis porque se encontram plantações cheias destas árvores; feita, na verdade, uma plantação, não se exige mais trabalho. Este fruto é vendido o ano inteiro. Nota. Damos a imagem deste fruto, na descrição da América, lib.XV, a qual não julgamos necessário aqui reproduzir.BANANA. (OS indígenas dizem, Pacobucu; os congoleses, Qui buca quiancacala e ao fruto dão o nome, Ticondo quiancacala. Esta planta é como a Pacoeira, mas o corpo cônico florescente é um pouco menor, havendo também diferença, nas flores; são elas do comprimento de cerca de dois dedos, de uma cor branca lútea, de sabor doce. A concavidade da flor não é como um bote, mas reta, representando todavia a canoa dos indígenas; seis folhas estreitas salientam-se da popa tendo a figura e cor da precedente, mas falta o estame médio; também a metade anterior da canoa é coberta por um tegumento côncavo amarelado-claro. São os frutos como as da pacoeira (isto é, medem de comprido oito, nove ou dez dedos) às vezes não são tão grossos; são ainda curvos ou semilunares; tem uma substância mais seca, por isso são melhores para se cozinhar ou frigir.INAIA GUACUIBA. Seu fruto é denominado pelos indígenas, Inajaguacu. No Congo a planta é chamada Ejaquiambutu e o fruto Quiti inga quiambutu. Palmeira nucífera, chamada coqueiro (em português) e seu fruto Coco, que representa uma larva com seus três poros. Esta árvore tem caule reto, às vezes um pouco curvo, medindo de grossura quatro, cinco, seis ou sete pés, e trinta, quarenta e até cinqüenta de altura. O caule é cinzento, como a nogueira, como que marcado transversalmente por vergões; não oferece madeira para uso algum, porque consta de filamentos. Acha-se como que entumescido com um suco doce leitoso por isso cortada a árvore, é procurada pelas formigas; não tem ramos. No alto, porém, encontram-se quinze, dezoito, vinte ou mais folhas grandes, aladas; repartidas circularmente, umas erguidas para cima, outras horizontais, outras caídas, oferecendo um agradável aspecto. Na sua origem, essas folhas aladas, são vestidas de um certo tecido natural, de cor griséia-escura, como se fosse um tecido de cânhamo crú; com o decorrer do tempo, esse tecido se desprende, sucedendo-lhe um outro e é levado pelo vento. Cada folha alada é do comprimento de cerca de dezesseis pés holandeses ("); junto a sua origem, mede cerca de um pé de grossura; dividida em asas, colocadas em ordem e opostas. Cada folha mede cerca de três pés e mais de comprido e dois dedos de largura, indo-se estreitando para a extremidade, na qual forma uma ponta aguda; possue esta folha um nervo ósseo amarelado, no sentido longitudinal e finíssimas estrias verdes, transversais. É também carinado, tendo a concavidade virada para cima; sua substância parece uma folha de espada; é verde lustrosa. Entre as folhas aladas, no cimo da árvore, brota uma silíqua ou bainha de cerca de dois pés e meio de comprido, de nove ou dez dedos de grossura; franjada, verde, estriada; esta com o correr do tempo se torna fusca e se abre espontâneamente.
História natural do Brasil.
Escrito por Marcgrave, Jorge e publicado por Museu paulista. Imprensa Oficial do Estado