História natural do Brasil.

Escrito por Marcgrave, Jorge e publicado por Museu paulista. Imprensa Oficial do Estado

Página 109


JAPARANDIBA (termo indígena). Jeniparanduba (como dizem os portugueses). É uma árvore de casca cinzenta, com poucos ramos; as folhas se acham colocadas circularmente, sem ordem, em grande número, sem pedículos; medem cerca de um pé de comprido; tem quase a figura de uma língua porém são mais agudas na ponta; assemelham-se às folhas de janipaba; ligeiramente crenadas no âmbito, um nervo saliente no sentido longitudinal e muitas como que costelas salientes transversais, medindo três dedos, na sua maior largura. Produz uma flor notável, orbicular, de um diâmetro de quase três dedos, composta de oito folhas rosáceas, mas de cor branca, um pouco encarnadas nos bordos; no meio se acham muitos estames eretos, dispostos em ordem, encurvados a modo semilunar aparentando um globo; são lúteos comum ápice amarelo e trêmulo. A flor se acha fixa a um pedículo grosso, lígneo, (algumas vezes duas num pedículo bífido); esta flor tem agradabilíssimo aroma como a rosa; é até mais suave. Em seguida à flor vem o fruto que, iguala ou talvez exceda o tamanho da maçã à qual se assemelha quanto ao formato, sendo, porém, chato em cima, como se uma parte tivesse sido cortada. Encontram-se às vezes dois ou três frutos juntos, num pedículo bífido ou trífido. A cor do fruto é griséia por fora e amarela por dentro; cortada a casca, observam-se núcleos do tamanho da amêndoa ou avelã, oblongos, mas angulares, codiformes; cada qual contém uma substância filamentosa, amarela, como que cortada por uma espécie de artérias; estas, partindo de todos os núcleos, vão reunir-se na cavidade central do fruto; cada grão com seu apêndice representa um coração com sua grande artéria cortada. A cor dos núcleos é lustrosa, hepática, havendo muitas veias esparsas na orla; por dentro, debaixo de seu tegumento, contém a amídala um núcleo divisível em duas partes; branco. A madeira desta árvore é dura, medulosa; a casca externa da madeira é um tanto preta como a do álamo.URUCURI IBA (termo indígena). Espécie de palmeira, que se assemelha à tamareira, exceto no tamanho e em não ser a folha espinhosa. A flor é como a da Jocara; produz frutos (dão-lhe o nome de urucurí) reunidos em cachos como os da Pindoba; são do tamanho da ameixa (Prunus), com uma cutícula lútea e uma escassa polpa lútea, filamentosa, doce; : no centro, encontra-se um caroço duro, no qual há um núcleo branco, comestível; cada fruto está assentado a uma cúpula escamosa. Da casca do núcleo, aplicada a um pequeno tubo, prepara-se um instrumento para se fumar. Da madeira desta árvore cortada e socada (é totalmente filamentosa) sem outro processo, prepara-se uma farinha denominada Farinha do pao ou Uricurivi, empregada na falta de farinha de mandioca; é de cor avermelhada. Os ramos ou folhas desta árvore servem para cobrir cabanas e para amarrar, porquanto são flexíveis e assim oferecem muita utilidade aos viajantes. Prepara-se deste fruto, como do da pindoba, um óleo; na mesma árvore, nasce um polipódio chamado Caraguata, que fornece água potável; tem o nome de "urucatu" o qual já descrevi entre as ervas. ÁRVORE (o autor não lhe da nome, mas apresentou esta imagem). Da folhas semelhantes ao do loureiro, oblongadas, opostas por pares (algumas vezes aparece uma isolada, na extremidade dos ramos) congestas em forma de fronde; são verde-claras na parte inferior, verdes e carregadas e lustrosas, na superior. Produz uma flor (o autor não as descreve). Seu fruto é semelhante, quanto à figura e tamanho à ameixa de Damasco; quando não está maduro é amarelo; quando maduro, é preto, contendo uma polpa como a ameixa (Prunus), de sabor adstringente, dentro se acha um caroço oval, como o da tâmara; liso e duro.CURUIRI (termo indígena). Esta árvore perto da terra, já se reparte largamente em muitos caules e ramos como a Ibipitinga, tendo como esta a