leite, vindo a ficar mais pálido, depois de alguns dias; é de sabor adstringente forte e inebriante. Conservado por seis meses degenera em vinagre, com um gosto de vinho ainda perceptível mesmo no vinagre. Começa a árvore a florescer, em fins de agosto, e chega ao auge, em setembro; então esparge pelos bosques e campos um aroma deliciosíssimo. Quando chove muito em agosto e setembro, perecem as flores e nascem poucos frutos, como sucedeu no ano CICICCXL. Em novembro, dezembro e até janeiro, ainda floresce; em dezembro e janeiro há grande abundância de frutos maduros; nos meses chuvosos, é triste o aspecto destas árvores, porquanto as folhas são amarelas, avermelhadas e pálidas; caem em grande parte, nascendo outras novas, que são de um elegante vermelho escuro, de agradável aspecto; depois tornam-se verdes. Esta árvore fendida distila uma goma diáfana semelhante à melhor goma arábica, em consistência e cor, à qual ela substitui. Os indígenas contam os anos de idade pelas castanhas do caju, guardando uma cada ano; denominam também a castanha Acaguacaya, Acajuti e Itimaboera. Da madeira fazem-se várias coisas, porque é dura; emprega-se no fabrico de canoas, maiores, denominadas chalupas, para sustentar as curvas, que são à base do batel.Nem todos os anos é extraordinário o proveito deste fruto; algumas vezes caem certas chuvas, que privam as castanheiras da flor; são chamadas Acajuacaipiracoba.
História natural do Brasil.
Escrito por Marcgrave, Jorge e publicado por Museu paulista. Imprensa Oficial do Estado