alternadamente colocadas em pequenos pedículos; junto d e cada pedículo, acham-se reunidos muitos flósculos verdes, semelhantes às flores da erva Parietária; as folhas aparecem perfuradas como às do Hypericum, quando voltadas para o sol.O autor não tinha dado a imagem, por isso procuramos delineá-la por meio de plantas secas, colhidas e conservadas pelo mesmo, mas a serradura das folhas não está suficientemente representada. O arbusto parece elegante; é de lamentar não ter sido bem descrito pelo autor. ARBUSTO (O autor igualmente não cita o nome). Tem o tronco como o salgueiro, contendo dentro uma medula branca; as. folhas se aproximam, na figura, das folhas da murta (Myrtus), porém um pouco maiores; verdes em cima, verdes claras embaixo; têm, no sentido longitudinal, um nervo saliente na parte de baixo, pouco visível em cima, sem veias aparentes; a casca do lenho é cinzenta.Produz flores (não as encontrei descritas pelo autor); a seguir vêm as silíquas, do comprimento de cerca de quatro dedos, redondas, compostas como que de glóbulos, que contêm uma semente do tamanho quase das ervilhas; de cor amarela escura, um pouco acuminada na extremidade, marcada ao lado por uma pequena fenda. Procuramos também delinear essa imagem por meio de folhas secas. CAPÍTULO XVI Das canas com que se fabrica o açúcar. VUBAE TACOMAREE (termo indígena). Alfeloa da zuquere ou Cana d'azuquere (em português). Arundo Saccharifera. Cresce ordinariamente até uma altura de cinco, seis, e sete pés de altura, não falando das folhas, (já vi de comprimento de dez pés, tendo mais de cinqüenta e seis gomos, mas raramente); a grossura é no máximo de quatro dedos; possui muitas junturas ou nós cada um dos quais dista do outro cerca de quatro dedos; quanto mais distam os nós ou são mais longos, no centro, melhor se julga a cana (arundo). Em cima acham-se muitas folhas, longas, acuminadas e fragmentos de flores (quando por longo tempo ficou de pé) como a Uuba, porém um pouco menor. A cor da cana é verde, tendendo ao amarelo; junto ao nó de uma parte a cor é clara; de outra, amarela como se rodeassem o nó dos anéis um amarelo, outro branco; este nó sobressai, sendo dotado de cor branca ou preta; a medula da cana é sólida suculenta, doce, branca.A cana exige um terreno pingue e úmido; por isso é plantada com muito proveito nos campos planos e baixos, chamados Ibipeba pelos indígenas e Varzas pelos portugueses, que a natureza deu a esta terra, junto às margens dos grandes rios. Os campos se cobrem, na maior parte das águas dos rios e se tornam pingues pela inundação; planta-se também nos montes, mas com menor proveito, a não ser que o terreno seja pingue. Direi especialmente que campos servem para o plantio da cana e onde é excelente o fruto desta planta sacarina. As terras ribeirinhas do rio Paraíba, Capibarí-mirim, Caracunhaia, Javapoata, Pirapana, Ipojuca, Cuinhaia, levam a palma entre todas as demais.O tempo melhor para o plantio são os meses de janeiro e agosto, mais ou menos. O processo de plantação é o seguinte: na terra lavrada, preparam-se sulcos paralelos com a enxada; nestes sulcos colocam-se as canas em ordem reta, de maneira que o princípio da seguinte atinja o final da antecedente; isto é, cobrem-se de terra estas hastes. Convém notar que no tempo de estio, isto é, em janeiro, deve-se a enterrar mais profundamente a haste para que o ardor do
História natural do Brasil.
Escrito por Marcgrave, Jorge e publicado por Museu paulista. Imprensa Oficial do Estado