História natural do Brasil.

Escrito por Marcgrave, Jorge e publicado por Museu paulista. Imprensa Oficial do Estado

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a flor termina em cima como que em cinco ângulos. Fecha-se depois do meio dia; a planta segrega copiosamente um leite glutinoso.ERVA (O autor não dá o nome). Tendo um caule verde, piloso, ganiculado, serpeia em parte pela terra e em parte se ergue; possui, junto de cada nó, duas folhas semelhantes às do hissope, mutuamente opostas; além disso, encontram-se umas outras menores, Como também uns râmulos opostos; na sumidade acha-se um capítulo de flores lúteas, divididas até à metade, em seis crenas; no meio, seis estames brancos.PARARO (termo indígena). Espécie de batata com caule e folhas como a planta precedente, excetuando ser o caule purpúreo; os nervos e as veias das folhas purpúreas bem como a raiz.CARA INAMBI (termo indígena). É uma espécie de Inhame, de caule que serpeia até longa distância, tendo folhas solitárias de um lado e outro, das quais algumas são cordiformes; outras auriculares, nas quais sobressai um nervo longitudinal e veias oblíquas. A raiz é cândida.MANDATIA (termo indígena). É a Lablab de Alpino, a cujo respeito veja-se Car. Clus., Rar. plant. História, pág. CCXXVII. Esta planta veio da África para o Brasil; comem-se seus feijões cozidos.CAA-APIA (termo indígena). Possui esta planta uma raiz do comprimento de um dedo, dedo e meio e ate dois de comprimento, da grossura de uma pena de cisne, nodosa ou verrucosa, dotada de filamentos dos lados e em baixo, medindo três ou quatro dedos de comprimento; na parte externa, é griséia-avermelhada; na interna, branca e mole. Desta raiz brotam três ou quatro pedículos redondos, tênues, do comprimento de três ou quatro dedos, sustentando cada qual uma folha arredondada ou oblonga, isto é, mede dois, três ou quatro dedos de comprido e dedo e meio, na sua maior largura; é muito tenra, verde-luzente na parte da frente, alvejante na de trás, com nervo e veias transversais salientes; não existe caule. Produz uma flor, no próprio pedículo, redonda, "umbelici figura" (?), como a flor de Bellis, dotada de muitos estames pálidos, entre os quais origina-se uma semente redonda, do tamanho da semente da mustarda (Sinapis).A raiz a princípio não tem sabor pronunciado, mas permanece acre e deixa na boca um certo ardor. É notável remédio contra venenos e desinteria.Pode-se tomar da erva 3I s. posta em infusão no vinho, durante um dia natural; depois espremê-la e dá-la de manha ao que sofre de desinteria, ficando em jejum por quatro horas; purga de maneira que vem a cessar a desinteria. Acha-se uma outra espécie de Caa-apia, semelhante à precedente, mas difere em ter as folhas (da mesma figura) dentadas na orla e hirsutas e pedículos vestidos de raros pêlos. Produz, no próprio pedículo uma flor redonda com um umbigo (Umbelino), no meio, como a flor de chamaemelum.ERVA (O autor não apresenta o nome indígena). Pode ser chamada Scoparia porque, no Brasil, fazem dela vassouras; Tem o fácies de Verbena; cresce com figura de arbusto, isto é, até à altura de pé e meio ou mais; tem folhas diretamente opostas, como as de Verbena; junto das folhas nascem râmulos também revestidos de folhas. Junto da origem das folhas, procedem curtos pedúnculos, que produzem flósculos brancos com quatro folíolos; depois delas vêm uns corpúsculos redondos como pequenas bagas, nos quais se encontra uma semente mínima, quase como pó, fusca. Sua raiz é reta, curta, cândida, dotada de vários filamentos. Esta planta não tem odor, nem sabor pronunciado.