História natural do Brasil.

Escrito por Marcgrave, Jorge e publicado por Museu paulista. Imprensa Oficial do Estado

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caule reto, esponjoso, verde, como o Meeru, possui folhas dispostas alternadamente e do mesmo tamanho, figura, cor e unhas semelhantes; em cima, porém, a folha é contorcida como o Paco. Junto à origem do caule, perto do solo brota um pedúnculo grosso, mas curto, dividido em cima, em muitos râmulos, que possuem muitas flores do comprimento de cerca de dedo e meio, côncavas, semelhantes às flores do paço, mas rubras-encarnadas. Em seguida às flores vem o fruto com a forma de uva, do tamanho e figura da ameixa com umbigo proeminente; quando imaturo, é verde saturado; maduro, é um pouco escuro, de forma triangular, com a casca igual à da laranja; espontaneamente se divide em três partes e facilmente se separa. Dentro possui um pouco de polpa, filamentosa, do tamanho da avelã, divisível em três partes por uma cutícula amarela; esta polpa é da cor do cinábrio, do odor do vinho, como o nosso pomo cidônio, no qual se contém mais de trinta grãos de semente, triangulares, fuscas, com uma mancha cor de cinabre na parte mais aguda; estes grãos são do tamanho da semente do cânhamo, tendo um núcleo alvíssimo. A casca é suculenta e tinge, a pele com uma cor escura, como nossas cerejas pretas ou a violeta de março; porisso é empregada como tinta. As folhas novas, bem como ò caule e o fruto verde quando esfregados, lançam um odor de gengibre, bem suave.CAAPONGA (termo indígena). Espécie de portulaca, chamada Bel droga pelos portugueses. De uma raiz curta, que se termina em muitos filamentos brancos, produz um caule redondo, um tanto grosso e suculento, o qual logo, ao sair da terra, se divide em muitos outros caules; estes, por sua vez, em seus ramos, que se cobrem de folhas suculentas como a beldroega (Portulaca) e alternadamente colocadas. Na extremidade de cada ramo, acham-se dispostas oito folhas em forma de estrela, de cujo centro brota uma flor lútea, constando de cinco folhas, do tamanho da flor de nossa Portulaca. Depois da flor, permanece enfim um corpúsculo arredondado rodeado de um papo branco, no qual se contém uma semente escura, redonda, um pouco maior do que a da papoula. Os ramos desta planta aparecem como rodeados de tomen-to branco como lã de ovelha; esta erva, se come cozida.PLANTA (O autor não menciona o nome). De uma raiz mole, dotada de poucas fibras, lança esta planta caules tenros, redondos, verdes na parte inferior, vermelhos na superior; em parte serpeiam pela terra, em parte ficam levantados. Estes caules tem muitos râmulos em que se inserem, de modo igualmente desordenado, folíolos oblongos, dentados, apostos como as de Verbena. Na extremidade do caule, brota uma flor (?) constante de capítulo um pouco argênteo e estames de um vermelho cerúleo purpurino, tendo o cheiro da violeta de março mas um pouco mais suave. Sobre o fruto e semente nada encontrei observado pelo autor.ERVA (O autor não menciona o nome). De pequenas raízes brancas, justapostas, lança de si muitas folhas, firmadas em seus pedículos coma figura e aparência da tanchagem (Plantago). Do meio delas nasce um caule de dois ou três pés, que produz flores verticiladas constando de três folhas oblongas de cor branca ou leitosa, sem odor. O caule é redondo, em baixo; angular, onde se firmam as flores.NHAMBI (termo indígena). É uma erva de caule bem grosso, lenhoso, redondo, geniculoso,