História natural do Brasil.

Escrito por Marcgrave, Jorge e publicado por Museu paulista. Imprensa Oficial do Estado

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Nana ou Annanas Tareriaya.Arapabaca. Urucatu. NANA (termo indígena). Ananas (termo português). Iajama Oviedi Car. Clus. Rar. Hist. lib. II, cap. IX. Strobilus ou noz de pinho, Monard, cap. LXIII. De uma raiz procedem quinze ou mais folhas semelhantes às folhas do Aloés, do comprimento de dois ou três dedos, de largura (onde é maior) de um dedo ou de dedo e meio, em direção à extremidade tornam-se um pouco mais estreitas e acuminadas, grossas, de um verde carregado, guarnecidas de dentinhos no bordo, semelhantes aos dentes do Lúcio. No meio delas brota um capítulo, semelhante ao fruto da alcachofra (Cinara), composta de folíolos agudos, da cor carregada do cinábrio; com o decorrer do tempo, aumenta, com a figura (aspecto) de Strobylo e enquanto cresce, brotam, entre as folhas, umas florzinhas cerúleas, formadas cada uma de três folíolos. As folhas grandes desta planta, na parte interna, onde está depositado o fruto, têm uma côr vermelha viva. O fruto maduro atinge o tamanho de um melão maior comum, de figura oval, formada externamente por protuberâncias, semelhantes ao umbigo humano; estas protuberâncias são de côr amarela, mas nas orlas é encarnada; cada um possui, no meio, um folíolo triangular, dentado, griséu. O fruto é de suavíssimo odor, de agradabilíssimo sabor, como os morangos, muitíssimo suculento. Tira-se a casca, divide-se o fruto em partes no sentido longitudinal e depois se come, sendo também muito apreciada a parte central, que fica, depois de dividido em partes, como se fosse uma coluneta quadrada; possui, no meio, uma medula dura, que se lança fora como a pastinaca; o fruto contém os grãos da semente. O fruto maduro tem sobre si uma planta mais nova, que é arrancada e lançada à terra, sem raiz (não existe raiz); no ano seguinte ela dá fruto. Cada planta só dá um fruto e uma só vez, no espaço de um ano. O fruto dá nova planta, que sendo lançada a terra, tira-se a antiga por ser inútil.Deste fruto tira-se o suco que misturado com água é dado aos doentes, entre os indígenas, como fazemos uso do hidromel; também se tempera com açúcar e se deixa. conservar. O ananás amadurecido pela força do calor não é bom; chama-se entre os indígenas Nana cacaba; nos meses de dezembro e janeiro, tem-se grande abundância dele. Existe também o Nana brava; isto é, silvestre, cujo fruto de notável tamanho de uma cidra, oval, formado por partes cilíndricas quadrangulares, na extremidade por pirâmides quadradas, que podem ser separadas umas das outras; são de côr amarela, quando maduras. São ocos estes frutos como o osso da cabeça dos bezerros, a que damos o nome de Den Mitzahn; contêm inúmeros grânulos ovais amarelos-pálidos, maiores do que a semente da papoula maior, suaves impregnados de um dulcíssimo orvalho como mel. Cada corpo cilíndrico, separado, se lança à boca, expremendo-se com os dedos e são absorvidos os grânulos com o mel; é de agradabilíssimo sabor; o fruto também se divide transversalmente em talhadas.TARERIAYA (termo indígena). Será o freixo de vagens (Fraxinella siliquosa)" Será o quinquefolium com a folha de Caprifolium" De uma raiz longa, alvíssima, dotada de uns poucos