História natural do Brasil.

Escrito por Marcgrave, Jorge e publicado por Museu paulista. Imprensa Oficial do Estado

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amarela, marcada externamente, no sentido longitudinal, por linhas ou estrias esverdeadas; do comprimento de mais de dedo e meio, formada de uma só folha, mas dividida em cinco lacíneas, acima de sua metade; tem a figura de uma elipse, com um corpo redondo, no meio, o qual é de cor amarela e do tamanho da avelã; o que dá a idéia dos intestinos de um novilho com três partes separáveis.O fruto é do comprimento de cerca de quinze dedos e da grossura de onze, com uma casca glabra como o melão purpúreo. A polpa se aproxima da cor amarelada; é de odor doce-ácido como ásperas silvestres, de sabor desagradável, por isso não se come. Esta planta tem abundante semente, da figura e tamanho da semente da abóbora, ímãs na superfície externa tem pontos pretos num amarelo escuro. J A E E (termo indígena). Balancia (em português). Watermeloen (em flamengo). Melão (Melo) aquático. Tem um caule sarmentoso, hirsuto, que serpeia pela terra e se apega com muitos capréolos; as folhas são profundamente laciniadas e incisas, longas, estriadas, quase semelhantes a Anguria Mattiola; cada uma assenta-se a um pedículo de quase dedo e meio de comprimento; essas folhas se acham eretas, inseridas em um caule, que se acha fixo à terra.A flor é pequena, amarela, constituída por cinco folhas, tendo um umbigo amarelo; o fruto é redondo ou globoso, às vezes elíptico, tendo uma casca verde; do tamanho de uma cabeça humana pouco mais ou menos; tem uma polpa (carne) branca, vermelha ou sangüínea no meio (aí se acham as sementes), suculentíssima, de bom sabor; tem tão grande quantidade de, água doce e fria, que, durante a refeição pode ser tomada como se estivesse num copo. Contém muitas sementes do tamanho e figura das cucurbitáceas, tendo algumas a cor preta; outras, a vermelha. Nos meses de dezembro e janeiro são mais abundantes, embora se encontrem, em todo o ano; gosta esta planta do terreno estéril e arenoso, mas se é estrumado, produz com bom resultado frutos de grande volume. Encontra-se também aqui um melão semelhante aos nossos, mas um pouco maior com uma polpa verde e semente branca; é considerado mais saudável do que entre nós; algumas vezes os portugueses o comem no princípio do almoço ou jantar. Há um outro de polpa verde, semelhante em tudo ao precedente, excetuando-se o ter uma polpa verde e melhor sabor.CURURU APE (termo indígena). É uma planta de caule sarmentoso e mole, que adere às árvores e arbustos, tendo muitos râmulos, em cada um dos quais se acham cinco folhas, opostas duas a duas, achando-se a quinta na extremidade.Essas folhas são verdes lustrosas, na parte, de cima, tendo umas incisuras como dentes de uma serra maior; entre elas encontra-se um râmulo alado de um e outro lado ou é rodeado de uma folha, de âmbito cordial (?) como no ingá.Nas extremidades, dos râmulos, saem longas espigas, carregadas de flósculos de uma cor mesclada de branco e verde escuro; vêm em seguida umas cápsulas triangulares na parte superior, cilíndrica na base, tornando-se ovais, quando maduras; rubicundas, no exterior. Abrem-se espontaneamente em três partes; a casca externa rubicunda, igual em espessura à da maçã, é por dentro de cor vermelha viva. Contém o fruto duas favas iguais em tamanho as favas brancas espanholas; cada uma delas se acha envolta numa matéria mole, branca, semelhante à noz em consistência, fria ao tacto. Daquele invólucro branco, no sentido longitudinal, fica proeminente a fava, sobressaindo-se por uma mancha muito preta ou antes marcada, no sentido longitudinal, por um semicírculo dessa cor; o resto da fava é de cor fusca. A fava contém dentro uma polpa amarela; lançada à água mata os peixes. Veja-se a imagem, entre as precedentes, no trabalho de D. Piso, que faz outras observações acerca desta planta.