d'onde se podia causar grande dano ao inimigo; e montaram-nos tão depressa, que, antes de amanhecer, já estavam aparelhados a prestar serviço.O tenente-coronel tinha, durante toda à noite, feito alarma em todas as direções, como se os nossos quisessem escalar o forte. Ao amanhecer, o inimigo mandou um homem com uma carta procurando parlamentar; a carta não era assinada pelo capitão, de sorte que não queriam aceitá-la, mas o portador asseverou aos nossos que as condições, não obstante, seriam mantidas. O capitão Maulpas foi mandado ao forte, e veio dali um capitão, com o seu ajudante, para fazer as negociações, e ajustou-se o seguinte: que todos os soldados poderiam sair com o seu armamento e bagagem e que se lhes mandariam botes para desembarcá-los rio acima em Potengi, ou para qualquer outro lugar que desejassem; que entregariam o forte com todas as suas munições de guerra, artilharia, pólvora, etc, que estivessem dentro, e deixariam as bandeiras que lá se achassem. Declaravam que o acordo era feito pelos oficiais porque o capitão-mor estava ferido mortalmente; e estava assinado pelo capitão Sebastião Pinheiro Coelho.As condições ainda foram melhoradas a pedido deles, e, tendo sido entregues as chaves, foi o forte ocupado pelas companhias dos srs. delegados e do tenente-coronel, e a gente do inimigo foi transportada nos botes, depois de se lhe tomar um saco de pólvora, que cada um pretendia levar sob fôrma de bagagem e contra o que fora ajustado. Deram um cirurgião ao capitão-mor, que estava gravemente ferido.Havia ao todo, lá dentro, 86 homens, havendo partido os quais, fez-se uma oração em ação de graças na capela do forte. Desse modo os nossos em pouco tempo e tão facilmente se apossaram da praça, a qual os portugueses julgavam quase inexpugnável pela sua situação e fortificações.No dia seguinte, os canhões foram reembarcados e as baterias arrasadas; e foram mandadas duas companhias a Genipabo, onde a nossa gente havia estado havia dois anos, para ver se podiam obter algumas rezes.No forte, foram encontrados nove canhões de bronze e 22 de ferro, 46 barriletes de pólvora fina, cada um de 60 libras, além de 112 balas de vários tamanhos, mas a maior parte de cinco, seis e oito libras, e um cômodo ocupado por farinha e outros gêneros e por artigos bélicos.As duas companhias, voltando de Genipabo à tarde, trouxeram 35 rezes, entre as quais muitas vitelas, que foram distribuídas entre as tropas e tripulações dos navios.Ao meio-dia, o tenente-coronel, com todas as companhias (excetuando a de Maulpas), foram acampar na vila de Natal, para ali penetrar melhor no centro e mandar expedições para todos os lados.À tarde, escolheu 30 homens de cada companhia e mandou-os, sob o comando do major Cloppenburgh, junto com o capitão Taillor e Cornelis van Exel, capitão-tenente da sua companhia, a um engenho, onde se soube que o inimigo se reunia; esses homens foram transportados em três grandes botes a vela e quatro botes dos navios até ao caminho de Potengi. Desembarcando
História ou Annaes dos feitos da Companhia Privilegiada das Indias Occidentaes desde o seu começo até o fim do anno de 1636.Vol. 38
Escrito por de Laet, Joannes e publicado por Officinas Graphicas da Bibliotheca Nacional