cortaram as amarras e navegaram até à arrebentação, onde ficaram encalhados, perdendo o capitania o leme. Os nossos colocaram-se perto e atiraram com a artilharia; o inimigo também atirou sobre os nossos, mas não lhes fez mal algum. Entretanto, vendo que aqueles já estavam perdidos, e pouco mal se lhes poderia fazer mais, os nossos tomaram outro rumo; duas caravelas escaparam e chegaram ao Rio Grande.No dia 28, chegou da República o yacht Campen, com 79 soldados, e o Goree, com 110.No último de Outubro, chegou o yacht Windt-hondt, depois de haver visitado o lugar, onde as duas caravelas mencionadas acima haviam navegado, em frente à Baía Formosa, e viu que os navios do inimigo descarregaram e que o flibote tirara as vergas e mastaréus e que ambos estavam com os lados livres, mas daí a pouco fizeram-se em pedaços.Os dois eram navios dunquerquezes, que pretendiam levar, juntamente com as caravelas, cerca de 500 ou 600 homens para ali, e voltaram juntos para a pátria.O inimigo fez um fortim na barra de Conhaú, e empreendeu a construção de um navio; falaremos sobre esse ponto mais tarde.Chegaram: no dia 7, o Gondt-Vinck, mandado com 80 caixas de açúcar tirado de um armazém em Porto Francês; no dia 8, o Arara, com 40 caixas de açúcar; e no dia 9, toda a esquadra saída a 11 de Outubro; capturaram ao todo 210 caixas.O inimigo, nesse ínterim, tendo sabido que os seus navios haviam sido destruídos na Paraíba e ansioso de receber as munições que ficaram escondidas, mandou sete barcos ligeiros para trazê-las à Paraíba por dentro do Recife.Os srs. delegados, uma vez avisados disso, expediam contra o inimigo, no dia 15 de Novembro, o commandeur Licht-hart, com as chalupas Ceulen e Spieringh, levando, além da tripulação usual, 30 soldados cada uma.O commandeur Licht-hart chegou no dia 17 em frente à Paraíba, junto à esquadra; tomou ainda dos navios alguns botes com gente, e entrou na baía, navegando com os mesmos para a barra do rio de Conhaú, onde estavam os sete barcos acima mencionados, prontos para seguirem, em um dia ou dois, pari a Paraíba, para o que lhes foram deixados 70 soldados, afim de comboiá-los.O commandeur Licht-hart, apesar disso, investiu tão corajosamente contra o inimigo, que este abandonou os barcos e fugiu para terra, através de um mato pantanoso, que fica sempre inundado na enchente. O commandeur, no yacht Ceulen, aproximou-se da costa o mais possível, e causou grande dano aos fugitivos com mosquetes e dois canhõesinhos de bronze (que tinha a bordo); aqueles estando atolados até aos joelhos no pântano, mal podiam escapar. Depois disso os nossos saquearam os barcos, tirando deles tudo que prestava e que puderam levar, e atearam-lhes fogo, destruindo muita munição e algumas peças.O commandeur, depois de tudo incendiado e depois que a nossa gente obteve bom espolio, navegou para o mar e deu caça a uma caravela, a qual se escapou, por dentro do Recife. Ele perseguiu-a até lá e tirou-a, mas já havia descarregado
História ou Annaes dos feitos da Companhia Privilegiada das Indias Occidentaes desde o seu começo até o fim do anno de 1636.Vol. 38
Escrito por de Laet, Joannes e publicado por Officinas Graphicas da Bibliotheca Nacional