História ou Annaes dos feitos da Companhia Privilegiada das Indias Occidentaes desde o seu começo até o fim do anno de 1636.Vol. 38

Escrito por de Laet, Joannes e publicado por Officinas Graphicas da Bibliotheca Nacional

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jesuítas e outros padres, havendo-se retirado para ali os soldados que estiveram antes em Igarassú.O major Tourlon, tendo recebido essa ordem, não se demorou em cumprí-la, e mandou duas companhias, a de Hendrick Hendricksz, e a de Charles Tourlon Júnior. Essas, conquanto marchassem tão circumspetamente quanto podiam, foram inoportunamente descobertas, e os habitantes tiveram bastante tempo para fugir; os nossos, encontrando o povoado deserto, incendiaram completa mente todos os seus vistosos edifícios, e voltaram ao acampamento.O motivo por que praticaram essa severa execução contra aquele lugar, foi porque os jesuítas tinham grande influência naquela região, e não somente isso, mas retinham e impediam que os habitantes aceitassem o nosso domínio, de sorte que convinha de todo o modo destruir o seu ninho. Depois disso, os mesmos fizeram uma expedição ao Engenho de Gonsalvo Novo, com a intenção de surpreendê-lo e cair de improviso sobre alguns soldados que Albuquerque mantinha ali de guarda; mas foram descobertos muito cedo, e, chegando lá, viram que o povo fugira e apenas fizeram um prisioneiro.Voltando de lá, marcharam para o engenho de Philippa Soares, viúva de Gaspar Ximenes, a qual mandou a sua gente ao encontro dos nossos, a quem mostrou o salvo-conduto e prestou bons serviços; nesse engenho, assim como noutros que tinham salvo-condutos, não fizeram dano algum, e vol taram aos quartéis, sem haver feito nada.O tenente-coronel quis mostrar o seu zelo e empreender uma expedição a Santo Amaro, aldeia situada para o sul, além do Arraial, onde, segundo fora informado, havia um belo engenho e também algumas casas, que formou o projeto de destruir, para causar grande prejuízo ao inimigo, e produzir terror nos habitantes do campo, que imaginavam que aquele lugar estava longe do alcance dos nossos.Levou consigo a sua própria companhia, a do capitão Everwijn e 100 mosqueteiros sob o comando do capitão Coenardt Smidt; dirigindo-se da ilha de Antônio Vaz por Afogados, levou ainda dali 40 mosqueteiros, que eram comandados por Malborgh, tenente do major Mellingh, e Daniel Vilayn, porta-insignia do capitão Mortimer. Partiu do acampamento no dia 21 de Outubro, marchou de Afogados toda à noite, e chegou de manhã cedo à mencionada aldeia, onde encontrou algumas casas, que incendiou; encontrou também um engenho excelente e um armazém cheio de açúcar, o qual foi incendiado completamente, depois dos soldados retirarem o açúcar. Nessa ocasião, os nossos foram atacados pelo inimigo, que estava por ali, mas de longe.Ao retirarem-se, como o inimigo se tornasse mais forte, os nossos eram continuamente obrigados a manter tiroteio com ele, durando isso bastante tempo, até que os nossos chegaram ao riacho, onde os soldados tinham que passar um atrás do outro sobre dois troncos de arvores que serviam de ponte.Era ai que estava o grande perigo, porque o inimigo, havendo sido avisado da nossa expedição, mandara 400 homens, os quais obstruíram o caminho, por onde os nossos tinham que seguir, com árvores derrubadas, e se colocaram