a passar-se para os nossos. Os botes grandes foram mandados à foz do rio, onde estava o Phoenix, para ir buscar pão e vinho e outras coisas necessárias, os quais voltaram à tarde e entregaram-nas aos pequenos yachts; puseram-se novamente a navegar, um tanto com as velas e a maior parte à força de remos, subiram mais o rio, encontrando ainda dois passos ao lado do norte e um ao lado do sul, entrincheiramentos que estavam todos abandonados pelo inimigo, de sorte que não encontraram resistência em parte alguma.Remaram assim um bom pedaço rio acima, pelo lugar em que se divide em dois; o braço do norte tinha tanta correnteza, que não podiam vencê-la a toda força de remos, e havia mato cerrado de ambos os lados, pelo que foram obrigados a ancorar. Deram alguns tiros de canhão, para que a gente que se internara, pudesse saber onde tinham ido parar com os botes. Tendo-se demorado um pouco ali e não tendo noticias da nossa gente que se internara, mandaram Jan Noorman, com uma chalupa leve, mais uma légua rio acima até ao Engenho Novo de João Paes Barreto, mas não encontraram lá ninguém; no entanto, era ali o lugar em que haviam combinado reunir-se.Mas, depois de meio-dia, chegou o major de Vries, com a sua companhia, ao próximo caminho do norte, acima do qual os transportes estacionaram e fizeram sinais com fogos num monte e atiraram com mosquetes; respondendo-lhes o sr. van Ceulen com o pequeno canhão de bronze e mandando levantar ferro, desceram o rio com a correnteza até onde estavam, e à tarde ali veio ter o coronel com o resto da gente.O coronel, depois que se separou, como já descrevemos, encontrou primeiro um entrincheiramento, que o inimigo montara mesmo na passagem pela qual ele ia (sendo um estreito caminho de carro de bois) e cavara um fosso, no qual a água dava até a cintura.Postara-se ali Lourenço Cavalcanti com cerca de 20 homens providos de mosquetes e arcabuzes; o coronel mandou entregar-lhe uma carta por certo prisioneiro português; mas Cavalcanti respondeu que só por si não podia tratar, e, como o inimigo desse uns tiros, os nossos deram-lhe assalto e escalaram o baluarte.O inimigo, vendo que a estreiteza do caminho e o obstáculo do fosso e outros empecilhos não haviam detido os nossos, pôs-se a fugir, e os nossos foram imediatamente para o engenho do tal Cavalcanti, situado ali perto.Logo que lá apareceram, ele fugiu, sendo perseguido por alguns da nossa tropa até certa casa cerca de uma légua dali, onde havia muitas mercadorias e outros artigos; de sorte que a nossa gente obteve grandes despojos. Marcharam avante até ao engenho de Pacheco e outros que estavam daquele lado do rio; mas, como estavam muito internados, não foi possível trazer o açúcar ao rio, em proveito da Companhia.Tendo gasto aí dois ou três dias, e tendo sabido que Salvador Pinheiro estava no outro lado do rio e que lhe haviam chegado duas companhias da vila de Igarassú, resolveram subir mais o rio, com a chalupa Duysent-been, e ver o que ele estava fazendo. Chegaram, finalmente, junto ao entrincheiramento que ele fizera paralelo ao rio, de sorte que podiam ir com a pequena
História ou Annaes dos feitos da Companhia Privilegiada das Indias Occidentaes desde o seu começo até o fim do anno de 1636.Vol. 38
Escrito por de Laet, Joannes e publicado por Officinas Graphicas da Bibliotheca Nacional