História ou Annaes dos feitos da Companhia Privilegiada das Indias Occidentaes desde o seu começo até o fim do anno de 1636.Vol. 38

Escrito por de Laet, Joannes e publicado por Officinas Graphicas da Bibliotheca Nacional

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perto da qual nossas chalupas haviam de passar, o sr. Gijsselinghs dirigiu-se para lá com o tenente - coronel e Carpentier e a companhia de Gartsman, mas encontrou-a abandonada; estava verdejante e já plantada de árvores, especialmente coqueiros. Só existia lá uma casa em ruínas, a qual incendiaram.No dia 20, Jan Smit, de quem já falamos, saiu com uma força, e, encontrando o inimigo em um lugar, atrás do qual havia uma quantidade de caixas de açúcar, recebeu um tiro que o matou; o seu porta insígnia não deixou, por isso de atacar, e vingou-lhe a morte, trazendo, ao voltar, nove rezes e muitos refrescos.No dia 22, partiram, o major le Grand, o capitão Cloppenburgh e Bongarson em uma expedição, pelo caminho do Real, e caíram de improviso sobre o engenho de Juan de Mendoza. Estavam lá duas companhias e uma esquadra de soldados, que haviam montado guarda toda a noite e de manhã se entregavam ao descanso, quando o major os surpreendeu, passou a fio de espada os que pode alcançar e aprisionou um certo don Antônio Ortiz de Mendoza e o seu porta - estandarte.Aquele oficial viera de Portugal com o regimento português, na qualidade de capitão mais antigo, e, como lá ficara o coronel, ele comandara sempre o regimento; estava gravemente ferido por tiro, no ventre e na virilha. O resto do inimigo fugiu ou ficou prisioneiro, tendo os nossos regressado, depois de incendiar o engenho.O navio Graef Ernest voltou ao porto.Os nossos sabiam diariamente, por prisioneiros, por cartas interceptadas e por todas as outras espécies de informações, que o inimigo estava muito desprovido de artigos bélicos, os soldados sem roupa e descalços e os pobres habitantes completamente desanimados e muito descontentes com o seu governador; com o fim de tirar vantagem para nós do estado de abatimento dos moradores, produzir maior terror ao inimigo e mostrar que os nossos se achavam agora senhores do campo e mais, todavia, para obter melhor conhecimento da situação do Arraial, resolveram fazer uma expedição até lá. Partiram assim de Afogados no dia 24, logo pela manhã (deixando o entrincheiramento ocupado por três companhias), com 12 companhias, das quais quatro, a saber, as do coronel, do major Padburgh, Bongarson e Garman, formavam a vanguarda e eram comandadas pelo coronel Rembach; o centro continha igualmente quatro companhias: as do tenente-coronel, do major le Grand, Everwijn e Tourlon Júnior, comandadas pelo tenente-coronel Sigismundo van Schuppen; na retaguarda também iam quatro companhias, que eram as seguintes: as do major Bijma, as dos srs. delegados, do capitão Smit e Cloppenburgh, comandadas pelo major Balthazar Bijma.Nessa ordem atravessaram o rio Capibaribe (deixado guarnecida por alguns mosqueteiros uma certa casa, que estava desse lado do rio, para assegurar a passagem) e chegaram sem resistência alguma ao Arraial. Encontraram ali uma rua de casas e lojas, providas de todas as espécies de mercadorias, as quais a nossa gente saqueou de passagem. O inimigo atirou valentemente com mosquetes e canhões, ficando muito gravemente feridos o coronel e o