História ou Annaes dos feitos da Companhia Privilegiada das Indias Occidentaes desde o seu começo até o fim do anno de 1636.Vol. 38

Escrito por de Laet, Joannes e publicado por Officinas Graphicas da Bibliotheca Nacional

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esperada uma grande esquadra e que estavam regularmente providos de viveres, mas não em abundância, tendo ainda dos principais gêneros para uns três ou quatro meses e concluía despedindo-se de Roque de Barros.Depois disso, escreveu a Gonçalves que se admirava de não receber resposta alguma da sua carta e que lhe fizesse o favor de pedir a resposta e a mandasse. Mas, não recebendo resposta alguma, escreveu outra vez como na ultima, e então lhe respondeu Gonçalves que mandara entregar a sua carta, mas não recebera resposta, e, logo que esta chegasse, lha enviaria imediatamente, mas que não eram tão importantes às cartas mandadas de lá para cá como daqui para lá e que, portanto, continuasse a escrever.Nessa ocasião, escreveu de novo pelo mesmo, como das outras vezes, a Roque de Barros, dizendo que freqüentemente saiam tropas daqui em expedições, mas que nunca pudera saber para onde iam. Finalmente, o preso exortou aos nossos que não confiassem em nenhum português, e declarou suspeitar de Domingos Fernando: primeiro, porque tinha muitas relações com os capitães dos navios portugueses, jogando com eles, dando-lhes dinheiro e chamando-os primos, quando não são; em segundo lugar, a mulher do dito Domingos, uma vez, na sua presença, desejou que todos os holandeses, que estavam aqui, fossem mortos a bala, e que eles estavam na mata; e que Domingos matara o negro de Pierre le Grand, sobre o que se questionou e foi dito que le Grand estava em frente ou perto da porta, e que Domingos disse "Deixe-me matar o cão", referindo-se a Pierre le Grand, ainda que Domingos, corrigindo logo a sua palavra, disse que era ao negro que se referia.Tudo o que foi dito, declarado e reconhecido como verdadeiro pelo prisioneiro, estando pronto a afirmá-lo por juramento até morrer, e em fé do que subscreveu com o próprio punho.Estava assinado: - Leenardt van Lom. Mais abaixo se lia: --- Tendo sido convenientemente mostrado e lido ao preso o que acima se encontra escrito, o mesmo continuou a afirmar ser n. verdade e assinou na presença do Sr. presidente Walbeeck, do governador, Carpentier, van der Haghen, tenente-coronel Schut, commandeur Jan Mast, comissário da artilharia, os majores Redinchoven, Berstet, Rembach, Schuppen, Artischau. Em 12 de Novembro de 1632.Trazido a minha presença e conhecimento.Estava assinado: - P. Cornelisz. de Vos. Ao que proferiram a sentença: - que lhe cortassem os dois primeiros dedos da mão direita e depois fosse decapitado e esquartejado, o que foi logo executado; os vários pedaços do corpo foram pendurados e a cabeça enfiada num poste.O mulato foi enforcado e a cabeça igualmente posta em uma estaca.Quanto aos portugueses denunciados na confissão, o criminoso, ao ser levado para a execução, hesitou, de sorte que não se ponde saber a verdade.No dia 10 deste mês, voltou da Bahia o yacht Tijgher, só tendo conseguido capturar duas barcas de passageiros, que mandou antes para cá.No dia 14, o 't Wapen van Medenblich fez-se à vela para a República.