No dia 3 de junho, o governador saiu com três companhias de fuzileiros, para explorar a fortificação do inimigo, à qual não puderam chegar, porque, devido à abundante chuva que nessa época do ano cai constantemente, encontraram os rios muito cheios, e podiam ser arrastados na correnteza, nem conseguiram atravessá-los, devido à altura das águas.No dia 17 foi mandado o yacht Muyden para cruzar diante da Bahia; chegou em frente à mesma no dia 1º de Julho, e viu fundeados lá dentro muitos navios ligeiros.No dia 5 de Agosto, foi tomada pelo Tiger, de Rotterdam, perto do Morro de S. Paulo, uma barca de passageiros, carregada de sal e levando muitas cartas; saíra da Bahia no dia 4, e referiu que tinham chegado, havia pouco tempo, de Portugal, oito barcas e caravelas, e eram esperadas outras oito. Devendo entrar agora o verão com o mês de Setembro, o governador, continuando no seu plano, que era por meio da destruição dos engenhos e a devastação dos campos levar o desanimo ao seio dos portugueses e fazê-los entrar em negociações, projetou uma expedição à Barra Grande; tanto mais quanto desertara para os nossos um mulato, chamado Domingos Fernandes Calabar, o qual nascera próximo dali e podia servir de guia em todos os caminhos. Partiu no dia 20 de Setembro, à tarde, com o 't Wapen vem Medenblick, o Muyden, o de Brack e o Eendracht, levando consigo dois majores, Redinchoven e Rembach, e cinco companhias de fuzileiros e também uma companhia de mosqueteiros, formando ao todo unia força de 570 homens. No dia 21, à tarde, fundearam na Barra Grande, e, sabendo, pelo dito mulato, que junto à praia havia um armazém com vinho, e receando que o inimigo, sabendo da chegada dos nossos, pudesse muito bem abrir os fundos das pipas, mandou à terra, mesmo nessa noite, o major Rembach com três companhias de fuzileiros, para impedir que tal fizessem. No dia 22, pela manhã, ele próprio seguiu com as restantes três companhias e o major Redinchoven.O major Rembrack, chegando à terra, achou no armazém 40 pipas de vinho, as quais encarregou o commandeur de fazer levar para bordo dos navios; mas não viu tropas, encontrando apenas alguns habitantes, que fugiram imediatamente, pelo que só fizeram um prisioneiro. Cerca do meio-dia, seguiram para diante com toda a tropa, servindo-lhes de guia o mulato, a pouco mais ou menos uma légua e meia para o norte, ao longo da praia, até junto de uma certa aldeia, à qual os próprios habitantes atearam fogo, com os haveres que não puderam levar, ocultando no mato vizinho os outros bens, na maior parte tabaco, de que os soldados obtiveram grande quantidade; e, como as tropas estavam carregadas com o espolio e muito fatigadas da marcha, o governador resolvei levá-las ao acampamento para descansar à noite.No dia seguinte, pela manhã, uma hora antes do nascer do sol, o governador marchou com toda a tropa, para o sul, cerca de duas léguas; encontrou pelo caminho algumas casas vazias, as quais incendiaram; e encaminharam-se para o interior cerca de um quarto de légua, onde estava uma aldeia. Os habitantes haviam carregado consigo os seus bens, e eles mesmos incendiaram as casas; entretanto, a soldadesca obteve ali outra porção de tabaco, escondido no mato. Agora, que fora destruído tudo que estava à mão, e como soubessem, por
História ou Annaes dos feitos da Companhia Privilegiada das Indias Occidentaes desde o seu começo até o fim do anno de 1636.Vol. 38
Escrito por de Laet, Joannes e publicado por Officinas Graphicas da Bibliotheca Nacional