Outubro. Manuel Serrano tinha o cargo de general, para o qual era pouco apto, e não era absolutamente homem do mar. de sorte que nada podia deliberar durante a tempestade; e era almirante don Andrés de Aristiçaval, uma pessoa que gozava de muito bom conceito, mas tão incompetente nas cousas do mar como o general. De sorte que ambos causaram fatalmente a perda desses navios, voltando apenas da almiranta 31 homens da espécie mais abjeta, como sejam os marinheiros que rechaçaram vilmente da chalupa ao chefe, para lhe roubar o outro e as jóias; os principais autores disso foram um tal Jeronymo de Mesa e os Farfanes, dignos da forca, como uma boa sorte,"etc.O arcediago don Alonso de Campos escreve a don Juan Grão y Monfalcon, do México, em 15 de Fevereiro de 1632: - "Dei-vos uma resposta pela infeliz; esquadra, que tão inconsideradamente foi despachada no dia 14 de Outubro, tão fora da estação, e tão temerariamente como reconheceram após a perda. A almiranta perdeu-se completamente com tudo que continha e com a gente mais distinta, escapando apenas alguns marinheiros na chalupa, e bem se compreende que a capitania também se perdeu, assim como mais dois grandes navios; e, três meses depois, apenas dois navios e bem avariados entraram em Havana. Dos outros nada se sabe até hoje; é uma grande perda, porque jamais saiu da Nova Espanha mais rica esquadra," etc.Poderia eu, juntar muitas outras cartas e os nomes de muitas pessoas distintas, que pereceram ali, mas então me desviaria muito da minha empresa, pelo que farei ponto aqui; e somente direi que vejo pelas cartas que o general Thomás de la Raspura reteve por alguns dias a esquadra, que ia para a Nova Espanha, e ele mesmo se conservou perto do cabo de Santo Antônio, com receio dos nossos navios, motivo pelo qual a esquadra espanhola chegou tarde ao porto de S. Juan de Lua, e essa infeliz esquadra também foi retida por muito tempo. Junto agora alguma coisa digna de nota da Bahia de Todos os Santos (para aproximar-nos dos nossos acampamentos), e que a meu ver interessa ao leitor.Declaramos antes, por informações do prisioneiro Francisco de Fuentes, que, dos reforços levados à Bahia pela armada de don Antônio de Oquendo, almirante general da Real do Mar Oceano (como as cartas do provedor-mór do Estado do Brasil, Francisco Soares, o intitulavam), foi deixado naquela cidade um regimento de 1.200 soldados. Mas, como me tinha chegado às mãos um pacote de cartas escritas ao rei pelo provedor Francisco Soares, com diversas relações, nas quais dá francamente informações completas sobre esses reforços, para maior clareza aproveito-me, em seguida, de uma que diz quanto custavam ao rei.Vê-se pelas cartas e relações, que quem comandava aquela força, como mestre-de-campo, era don Christoval Mexia Boca-negra, cujos vencimentos por mês eram de 44$800 (como contam os portugueses) ou 112 cruzados, e por armo 537$600 ou 1.347 cruzados; vinha depois um sargento-mór, que recebia por mês 20$000 ou 50 cruzados, e dois tenentes, que ganhavam por mês 4$800 ou 12 cruzados cada um. O soldado raso tinha o soldo (porque o vencimento dos outros oficiais era eventual) de 2$400 por mês ou 6 cruzados. Havia nesse regimento
História ou Annaes dos feitos da Companhia Privilegiada das Indias Occidentaes desde o seu começo até o fim do anno de 1636.Vol. 38
Escrito por de Laet, Joannes e publicado por Officinas Graphicas da Bibliotheca Nacional