História ou Annaes dos feitos da Companhia Privilegiada das Indias Occidentaes desde o seu começo até o fim do anno de 1636.Vol. 38

Escrito por de Laet, Joannes e publicado por Officinas Graphicas da Bibliotheca Nacional

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ver se os Tapotingas (nome que dão aos Holandeses) estavam ainda em Pernambuco, pois queriam aliar-se a eles.Ele viera ao longo do acampamento de Albuquerque e garantiu que os Tapuias, logo que recebessem notícias dos nossos, avançariam para atacar os Portugueses e que, se os nossos quisessem tentar alguma coisa no Rio Grande, teriam prova da sua sinceridade.O Conselho de Guerra, sendo consultado sobre a presente situação, assim como sobre a proposta do índio, foi de parecer que se devia manter a cidade de Olinda o mais tempo possível, em todo caso até chegar ordem da metrópole; e nesse ínterim deviam mandar um yacht ao Ceará, para falar com os Tapuias e informar-se de toda a situação do país e do povo. Entretanto, alguns oficiais do exército e conselheiros foram de parecer contrário e opinaram ser preferível abandonar logo a cidade, pois a maior parte já estava arrasada e servia apenas de obstáculo a outros desígnios mais úteis e à realização de outras empresas, entre as quais estava a do capitão Artichau, que tinha em vista toda a ilha de Itamaracá, por muito sólidas razões que apresentou por escrito. Entretanto, por maioria de votos foi resolvido conservar-se a cidade e em primeiro lugar despachar um yacht ou dois para irem falar aos Tapuias e informar-se das condições do país e de seu povo. Combinaram mandar nessa expedição o Nieuw-Nederlandt e uma grande chalupa, devendo comandar a mesma o commandeur E lbert Smient e um português, Samuel Cochin; e que juntamente com o tapuia Maximiliano, recém-chegado de lá, fossem também enviados os índios que haviam sido levados da Bahia da Traição para a Holanda e que lá estiveram muito tempo, no intuito de atrair os patrícios do Rio Grande, Ceará e de outros lugares a uma aliança com os nossos e excitá-los contra os portugueses; e, como não achassem conveniente abandonar ainda a cidade de Olinda, resolveram tê-la provida de viveres pelo menos por 14 dias.No dia 5 chegou o yacht Pernambuc e contou que falara com o Pinas e o Ouwerkerck, diante da barrar da Paraíba, e que não vira ali nem a esquadra espanhola nem outros navios.No dia 13 de Outubro foram despachados o commandeur Smient e o capitão Joost Colster no navio Nieuw-Nederlandt para o Ceará, afim de executarem o que fora resolvido. Falaremos da sua viagem mais tarde.Depois disso, o Conselho e o Governador estiveram ocupados quase todo o mês discutindo se deviam ou não evacuar a cidade de Olinda; e como a maioria fosse pelo seu abandono, começaram a transportar todos os materiais aproveitáveis para o Recife.No fim do mês fêz-se um recenseamento, pelo qual se verificou que na cidade de Olinda, no Recife, nos fortes situados em Antônio Vaz e no continente havia 3.890 soldados válidos, 180 doentes, 91 rerutas, 79 tambores e cometas, 102 negros, algumas pessoas pertencentes ao trem das bagagens e mais alguns paizanos. Assim, no Recite e na cidade havia para os seus serviços 575 naquele e nesta 223 negros, além de 96 na cidade. A bordo dos navios havia 2.240 homens. Além destes, havia mais no forte de Orange, em Itamaracá, 366 homens. O princípio do mês de Novembro foi gasto completamente em remover tudo da cidade de Olinda e arrasá-la. No dia 14 veio da Paraíba um negro, que informou