História ou Annaes dos feitos da Companhia Privilegiada das Indias Occidentaes desde o seu começo até o fim do anno de 1636. Vol 33

Escrito por de Laet, Joannes e publicado por Officinas Graphicas da Bibliotheca Nacional

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situadas abaixo ele Espanhoa e daí tomaram o rumo ao longo da costa para a ilha de Vacca, a qual avistaram no dia seguinte antes de meio dia, ancorando a essa hora. Lá encontraram o Gowie Sonne que chegara no dia 13. O capitão deste fez saber ao almirante que, devido á escuridão e por estar o navio meio desarvorado, não pode voltar á ilha de Tabago; que, chegando aqui encontrara ainda o comandeur De Kuyter, ao qual entregara a carta do almirante; que o dito comandeur partira deixando-lhe uma carta cm que se desculpava por não esperar a vinda do almirante, em vista das ordens que recebera do General Loncq para se juntar á esquadra do almirante Adrian Jansz. Pater, e que este recentemente se fizera á vela para o cabo Tiburon na extremidade, oeste da ilha Espanhiola. O almirante Pieter Adriaensz, percebendo pela carta que o comandeur não estava satisfeito de se juntar á sua esquadra e receando que essa separação pudesse prejudicar o serviço da Companhia, mandou-lhe incontinenti o yacht Phoenix com ordem expressa de o esperar. No dia 16 de Junho trataram co.m grande pressa de fazer provisão de água e lenha e uma parte da gente de cada navio foi a terra buscar laranjas e outros viveres e trouxe uma grande quantidade de limas, (fruto um pouco menor do que o limão) e um porco bravo, não tendo podido achar outras provisões. A fragata espanhola, que se estava afundando pela grande quantidade d'água que fazia, foi mandada para junto da praia, para ser calafetada, porque o almirante não queria reconhecer a sua incapacidade para navegar. No dia seguinte estiveram ainda ocupados e a grande chalupa foi mandada á enseada mais próxima para procurar refrescos. No dia 18 entrou no porto o navio Zelândia, vice-almirante da esquadra do comandeur Jan Gijsbertsz. Boon-eter. Contou que havia dois meses se fizera á vela, da República, para acompanhar o seu comandeur, com 5 navios e um yacht. e que, chegando á ilha Barbados, soube que ele partira daí sem que lhe pudessem dizer para onde, e que portanto se apressara em vir juntar-se-lhe, se bem que tivesse ordem de seguir a esquadra do almirante Pater. Ouvira dizer na ilha de Barbados que o dito almirante Pater tomara no Orenoco a pequena cidade de S. Tomé, a qual, assim como a Tindade deixara ocupada por 500 homens, o que era um duplo erro. Os dois yachts Vos e Ouwerkerck não puderam desempenhar a sua comissão. Como este navio quebrara o mastro em caminho e precisava de um dia ou dois para fazer reparos, foi despachado o Oragnie-Boom para informar o comandeur De Ruyter a respeito da demora do almirante. Depois do meio dia a fragata ficou esgotada e calafetada e a grande chalupa trouxe mais 6.000 limas, não tendo encontrado laranjas.No dia 19 de Junho o almirante partiu da baía, que fica por traz da ilha de Vacca e a que dera o nome de Baia da Companhia, para o cabo Tiburon, deixando ainda lá o Goude Son, o Tiger, o Groenwijf e a Fragata, que deviam seguí-lo dias depois com o Zelândia, e tendo ordenado que deixassem cartas tanto na ilha como na baia, pelas quais o. comandeur Boon-eter ou outros navios pudessem saber onde encontrar a esquadra. A ilha de Vacca, de que já temos falado algumas vezes, é situada a 18 graus e 45 minutos de latitude