História ou Annaes dos feitos da Companhia Privilegiada das Indias Occidentaes desde o seu começo até o fim do anno de 1636. Vol 33

Escrito por de Laet, Joannes e publicado por Officinas Graphicas da Bibliotheca Nacional

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extensão, do lado do mar. está o Poço no qual grandes navios podem ancorar, pois tem ordinariamente 18 a 19 pés d'água. Do outro lado de Poço, na, ponta do recife de pedra, (que se estende ao longo da cosia do Brasil, com varias interrupções) eslava um fortim ou torre redonda, construído, havia muitos anos, de pedra duríssima, quase dentro do mar. e, fazendo face a esse, na já citada nesga de terra ou península do Recife, havia outro a que os portugueses chamavam S. Jorge. Em tais condições se achava Olinda, quando os nossos a tornaram, conforme já ficou descrito.O segundo lugar povoado da Capitania era a vila de Iguarassú, situada junto ao litoral ao norte de Olinda, na distância de 5 léguas,defronte da ilha de Itamaracá, da qual falaremos mais extensamente noutra ocasião.O terceiro era a povoação do Recife, de que já falamos quando descrevemos Olinda.O quarto era Muribeca, no interior, a i ou 5 léguas do Recife.O quinto era Sto Antônio do Cabo, a 7 ou 8 léguas ao sul do Recife, junto ao Cabo de Sto. Agostinho.O sexto era S. Miguel de Ipojuca, a 10 léguas.O sétimo era a povoação de Serinhaem, a 15 léguas.O oitavo era a de S. Gonçalo de Una, a 20 léguas.O nono a povoação de Porto Calvo, a 25 léguas.O décimo a ou vila da Alagoa do Norte, a cerca de 40 léguas.O undécimo. Alagoa do Sul, estava a mais de 40 léguas do Recife.Havia ainda outras povoações menores e as dos índios, as quais chamam aldeias e sobre as quais depois falaremos mais amplamente.Alem disso, contavam-se na Capitania para mais de 70 engenhos de açúcar (veremos depois qual o número exato), alguns dos quais são tão grandes e têm tanta animação, que parecem vilas pela quantidade de gente que ali habita.Todos eles fabricam tanto açúcar, que só dessa Capitania mandam anualmente para Portugal 80 ou 90 navios e barcas carregados desse gênero e de pau-brasil. Segundo afirmam muitas pessoas que ali residiram alguns anos, aconteceu num dia saírem 40 navios do porto de Olinda, todos carregados de açúcar ficando ainda bastante nos armazéns para carregar muitos outros, alem de grande quantidade, nos engenhos. Era tal a abundância daquele produto que se não podia quase embarcar, segundo afirmam. pessoas fidedignas e competentes.Torna-se necessário um grande número de escravos para o serviço desses engenhos e para isso há grande tráfico anual entre o porto do Recife e os de Angola e de outras regiões da África. Pode ver-se nos registros que só de Angola, nos quatro anos de 1620 a 1623, foram despachados para Pernambuco 15.430 negros, do que o rei da Espanha tirou grandes lucros.As terras dessa Capitania são na maior parte boas, havendo montanhas pouco elevadas e belas planícies, muito férteis e apropriadas a plantação da cana de açúcar, cultivada ali em grande escala. Há contudo muitos lugares montanhosos como Musurepe, Muribeca, Jaboatão, Ipojuca, onde a