História ou Annaes dos feitos da Companhia Privilegiada das Indias Occidentaes desde o seu começo até o fim do anno de 1636. Vol 33

Escrito por de Laet, Joannes e publicado por Officinas Graphicas da Bibliotheca Nacional

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compunha do uma força de 1049 homens e o major Touche Honx marchava na retaguarda com 965 homens. Com essa gente e nessa ordem o coronel marchou ao longo da costa contra a cidade, não tendo encontrado inimigo algum até que chegou ao rio Doce, onde estava postada do outro lado uma força de cerca de 800 homens atrás de uma trincheira construída ás pressas, tendo alem disso em seu favor o riozinho que só se podia atravessar com água pela cintura. Aí houve um choque entre o inimigo e a nossa vanguarda, avançando então o coronel, mas em parte pelo receio de nossas duas peças que entraram em ação e também pelo ataque efetuado pelos nossos soldados que não trepidaram em atravessar o rio com grande coragem, o inimigo teve de abandonar essa posição vantajosa e fugiu para a mata, deixando no campo muitos feridos, enquanto que dos nossos não houve mais de três.A nossa frente foi avançando e encontrou outra forca inimiga, mas essa não fez resistência alguma depois que sofreu os disparos das nossas peças de campanha. O coronel, vendo que todos os inimigos que apareciam na praia se retiravam tão apressadamente diante dos nossos, fez a sua gente forçar a marcha e, achando-se junto á cidade, atacou-a por três deferentes lugares. A vanguarda foi avançando pelo lado direito por um caminho feito através do bosque para o Colégio dos Jesuítas, cuja posição foi indicada por um prisioneiro português; todavia, depois de subir e lá chegar com grande coragem, achou as portas fechadas, sendo obrigada a força-las. Encontraram aí mais seria resistência do que até então e, sendo atacados mais fortemente, fugiram abandonando sete ou oito mortos e muitos feridos.O batalhão tomou o caminho do meio e seguindo por uma rua estreita desembocou entre os conventos dos Franciscanos e dos Jesuítas, mesmo dentro da cidade, numa altura regular, onde estava situada a matriz e de onde se podia atirar com mosquete sobre o fortim do norte, situado na praia. Encontraram pequena resistência numa passagem estreita, mas, logo que caíram ires ou quatro portugueses, o resto fugiu. O major Foncke Honx com a retaguarda foi ter entre as trincheiras do inimigo e o fortim do Norte, em que havia quatro peças e um artilheiro holandês. O inimigo, sendo atacado aí com vigor e percebendo que os nossos já estavam dentro da cidade c se achavam colocados a cavaleiro do fortim. desanimou e abandonou todas as defesas que estavam abaixo da cidade, assenhoreando-se delas os nossos e ficando assim em seu poder toda a cidade de Olinda. Enquanto o coronel e a sua gente estavam aí ocupados desembarcou o major Schute (que o General tinha mandado com o almirante e também 500 homens, tanto soldados, como marinheiros) na parte sul da cidade: mas antes que essa força fosse convenientemente posta em ordem, já o coronel se apoderara de todas as trincheiras do inimigo, de sorte que não encontrou resistência para entrar na cidade. Quase ao anoitecer a gente se entregou ao saque. Gomo muitos estivessem fatigados e estropiados, por haver marchado todo o dia ao longo da praia na força do calor, pela falta de água e por outros incomodo, não se pode prosseguir nas operações, nem fazer cousa alguma contra o forte de terra. Os oficiais porem estiveram bem ocupados