ao mar um largo recife, que corre ao norte. Esta ilha Tobago é de fácil conhecença: tem ao remate de leste dois ilhotes rodeados de muitos parceis, os quais não distam muito da terra da ilha; esta, desde o mesmo remate ate quase o seu meio, é alta, e faz-se depois mais baixa; verdeja com os seus arvoredos. Cousa de duas horas antes do pôr do sol, largou o iate do remate ocidental desta ilha, e caminhando pela derrota do noroeste quarta a norte, ao cabo de dois quartos achou-se perto da ilha Granada com grande admiração dos nossos, que não contavam vingar tanto caminho em tão pouco tempo; e por aqui se vê que foi o iate levado por uma forte corrente, o que se deve tomar em toda a consideração, para que se não vá dar contra alguma dessas ilhas. À manhã de 25 do mês de Fevereiro, surgiu o Kater do lado ocidental desta ilha Granada, e não encontraram os nossos nenhum dos outros iates nem cartas deles; aqui permaneceram até 5 de Março para fazerem aguada e refazerem, e em o dia mencionado largou o iate, e bordejou para tomar a ilha de S. Vicente. Chegou a esta ilha a 8, e encontrou o iate Bruyn-Visch; aqui se detiveram ambos alguns dias. Esta ilha de S. Vicente e fértil e populosa; os seus habitantes tingem-se de certa cor vermelha; inclinam-se aos Neerlandeses, e são grandes inimigos dos Espanhóis. Da a ilha boas frutas e também tabaco. Pela parte do oeste e sul faz belas baías, em que se pode surgir e fazer aguada. A 12 os iates se fizeram a vela em demanda da ilha de Santa Luzia, a cujo remate ocidental chegaram sobre a noite de 14. Nesta ilha encontraram uma baía, onde se pode haver água doce. E porque não permitiu a calmaria que fundeassem os iates à sombra das terras altas, mandaram que fosse a chalupa dar vista à ilha. Sendo em terra, não encontraram os da chalupa gente nem casas, e observaram, consoante com as informações que haviam dado aos nossos os habitantes da ilha de S. Vicente, que esta de Santa Luzia é árida e estéril, e não pode alimentar população alguma. Partiram os iates da ilha de Santa Luzia, e a 15 chegaram a de Matinino, onde encontraram os nossos uma baía grande e tão penetrante, que nela se pode surgir sem avistar o mar, e de águas tão tranqüilas que os navios podem ser querenados comodamente. Na ilha crescem arvores próprias para mastros e mastaréus; obtém-se aqui facilmente água doce; não encontraram os nossos pessoa alguma. Daqui partiram a 18, e sobre a noite chegaram à ilha Dominica, e fundearam da banda ocidental perto de um sitio acomodado para aguada. Esta ilha Dominica é habitada do gentio, e oferece refrescos, quando é tempo deles. Comunicaram os selvagens aos nossos que no mar junto de terra havia duas peças de ferro, e os nossos as retiraram por estarem em bom estado. A 20 tornaram a partir os iates, e ao outro dia surgiram à extremidade ocidental de Guadelupe. Os selvagens, que ali assistiam, estavam tão esquivos, que, em desembarcando os nossos, fugiram de suas cabanas, e não quiseram voltar a elas. Tomada uma porção de água, se fizeram à vela os iates a 13, e bordejaram em demanda de Marigalante, que alcançaram sobre a noite. Não encontraram os nossos baía acomodada em que surgissem os iates, e mais notaram que o gentio da ilha não era de boa índole, pois, sendo numeroso, quis persuadir que assim não era.
História ou Annaes dos feitos da Companhia Privilegiada das Indias Occidentaes desde o seu começo até o fim do anno de 1636.Vol. 30
Escrito por de Laet, Joannes e publicado por Officinas Graphicas da Bibliotheca Nacional