História ou Annaes dos feitos da Companhia Privilegiada das Indias Occidentaes desde o seu começo até o fim do anno de 1636.Vol. 30

Escrito por de Laet, Joannes e publicado por Officinas Graphicas da Bibliotheca Nacional

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mais ofendê-los. Assim que fundou-se uma colônia sob o governo e direção do capitão Jan van Ryen, doze léguas acima de Comaribo, oito de Caribote, e cousa de quatro de Apotery, no dito sitio Wacogenive, cujo solo pareceu bom aos nossos, menos coberto de arvoredo, e também menos paludoso que o de Apotery. O fortim havia de ser levantado em um terreno elevado algumas oito braças acima da margem do rio, de modo a poder estorvar que chalupas saíssem por ele.A 19 de Março os três navios se fizeram à vela do rio Wiapoco. A 25 houveram vista da ilha Barbados, e ao outro dia aportaram em S. Vicente em uma baía chamada de Santo Antonio, menos a almiranta, que escorreu dita ilha; e por isso tanto que ajustaram os quartos da chalupa grande e a lançaram ao mar, partiram na entrada de Abril em demanda da ilha Granada. Ao seguinte dia encontraram nesta baía a almiranta, e surgiram todos os navios juntamente; aqui puseram igualmente na água a chalupa grande da almiranta. Comutados alguns refrescos com os selvagens, tornaram a partir no dia 7. Pelas dez horas da seguinte manha avistaram as ilhotas Testigos. Ao meio-dia de 9 aportaram na ilha Branca, na qual apanharam trezentas cabras. Partiram no dia 11, e ao outro dia deram fundo na ilha Orchila, e se passaram à terra em procura de orchil, como lhes tinha sido encomendado, mas não encontraram grande quantidade desta planta, e o pouco que acharam existia somente nas encostas de alguns montes; não levaram mais de barril e meio para servir de amostra. Esta ilha e estéril, suas terras baixas ficam quase inundadas de maré cheia; ao que parece, as cabras se apascentam de orchil; pois que pouco mais há que comer. Providas as chalupas de mantimentos e água para três semanas, partiram os navios no dia 16. Ao meio-dia de 17 avistaram a ilha Curaçao, e ao por do sol a ilha Aruba; e pois capearam durante a noite debaixo das velas grandes. Pela tarde de 18 avistaram os Monges, e ao outro dia mandaram uma chalupa a uma destas ilhas a ver se havia bom ancoradouro; neste entretanto capearam os navios entre os mesmos Monges e o cabo de Coquibocoa, que se prende à terra firme. E depois de se terem entendido, sendo designado o Cabo de la Vela para nele se tornarem a juntar, partiu o Leeuwinne em busca do dito cabo, e surgiram os mais em vinte e oito braças, cousa de légua e meia da praia, pois que em menor distancia não encontraram bom ancoradouro para navios; por ali ficaram a cruzar. A 21 deram caça a uma vela estranha, mas esta desapareceu. A 26 fundearam junto da almiranta, oito léguas abaixo de Coquibocoa, em uma baía mui capaz chamada Baía Honda. Como o iate Vlieghenden Draeck se acercasse algum tanto mais de terra, a 28 veio ter a ele uma canoa com índios contendo alguns peixes e seis galinhas. Ao outro dia acudiram outras canoas em maior numero, por cuja gente se soube que havia em terra uma bela salina, bem como dez Espanhóis. Esta Baía Honda demora entre Coquibocoa e o Cabo de la Vela; tem bom surgidouro com cinco, seis e sete braças de água. Dos selvagens, que moram em suas vizinhanças, se podem obter, havendo cautela, bons refrescos. É gente mui robusta e atrevida, trazem as barbas compridas e anéis de cobre nas orelhas. No ultimo dia de Abril