História ou Annaes dos feitos da Companhia Privilegiada das Indias Occidentaes desde o seu começo até o fim do anno de 1636.Vol. 30

Escrito por de Laet, Joannes e publicado por Officinas Graphicas da Bibliotheca Nacional

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o vento, e o navio encalhou no cabo de Santo Agostinho, não ousando os nossos ir ter junto dele, porque os Portugueses se apresentaram em grande numero na praia. Ao outro dia o Commandeur deu fundo diante de Pernambuco, e a 26 foram com ele os iates: haviam estes dado desembarque aos Portugueses e trouxeram uma carta dos da terra, em que fingiam querer resgatar o barco carregado de vinho e outro carregado de farinha, pelo que o Brack e o Trouwe tiveram ordem de se aproximar do arrecife para esperar a gente de terra. À noite de 28 para 29 vieram de terra três canoas bem tripuladas, e abordando o navio do vice-Commandeur lançaram dois fogos de artifício na popa e um no grande tuft (?), os quais começaram a queimar, mas os nossos, dando logo fé deles, apagaram o incêndio. O Windt-Hondt teve ordem de ir buscar os iates, e a 2 de Junho se juntaram com a frota. Assentou-se em que a presa com carga de vinho fosse descarregada e queimada, e que seguissem para as águas da Bahia o Leeuw. o Trouwe , o Brack e a tomadia deste, pairando dois ao sul e dois ao norte da barra, com ordem de se terem por ali até a entrada de Julho, em que dariam volta para Pernambuco. Nas águas deste, perto do cabo de Santo Agostinho ficariam o Dolphijn e o Windt-Hondt ; o navio Stadt en Landen com o Bruyn Visch estacionaria três ou quatro léguas ao norte do porto de Pernambuco. A todos estes navios foi dado regimento de esperarem uns pelos outros na ilha de Fernando de Noronha durante um mês, caso não se encontrassem nas paragens de Pernambuco findo aquele prazo. A 3 partiram, seguindo cada qual para o seu destino. Desde o dia 3 até 6 o Dolphijn e o Windt-Hondt andaram a cerrar o vento para se irem ao lugar determinado, pois o vento soprava rijo do sudeste e lessudeste; caíram sobre os 5 gr. e 14 min.; a 10 porém começaram a avançar algum tanto, e a 13 foram ver o cabo de Santo Agostinho, donde seguiram para a ilha de Santo Aleixo para haverem legumes para a tripulação, pois havia no Dolphijn muitos doentes de escorbuto. E como o Commandeur Sickes poucos legumes ali obtivesse para refresco de sua gente, assentou seguir com o Dolphijn para a ilha Fernando de Noronha, ficando o Windt-Hondt a cruzar nas paragens do cabo. O Winds-Hondt, ali estanciando, a 22 por tarde houve vista de uma vela, de que se acercou ao outro dia pela manhã, e tomou-a perto do porto de Pernambuco e a carão dele. A dita vela carregava todo o gênero de mercadorias embalada: ia de Portugal para Pernambuco. O Windt-Hondt fez-se um pedaço ao largo com ela, e as águas o puxaram tanto para o norte, que a 29 se achou diante do Rio Grande; o capitão, não deparando sitio acomodado para dar desembarque aos prisioneiros, resolveu seguir com sua tomadia para as ilhas Caraíbas, por lhe parecer que para o sul não poderia botar caminho. A 20 de Julho foi na altura de S. Vicente, e por não poder tomar o porto, deu as velas em demanda de Granada, onde foi surgir, e se proveu de lastro, água e lenha com perda de dois homens; que foram surpreendidos e mortos pelos selvagens. Não se achava o capitão no verdadeiro porto, e teve de caminhar mais um pouco para tomá-lo, e nele houve muitos refrescos. A 29 tornou a partir. Desembarcou os seus prisioneiros na ilha Margarita, e