História ou Annaes dos feitos da Companhia Privilegiada das Indias Occidentaes desde o seu começo até o fim do anno de 1636.Vol. 30

Escrito por de Laet, Joannes e publicado por Officinas Graphicas da Bibliotheca Nacional

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desembarcar mais gente para guardar os bateis, que faziam aguada, e informou-se dos mantimentos, que havia nos navios, para por eles regular seus planos ulteriores, pois não se queria tornar à Republica sem primeiro haver feito alguma cousa de monta. A 8 passou-se em pessoa à terra com muita gente, pretendendo fazer mais uma entrada, mas choveu tão copiosamente, que não teve ensejo de fazer cousa alguma. Por esta mesma causa e pelo embate do mar nos navios, também nestes nada se pôde fazer. Ao seguinte dia os nossos tornaram a sair em terra; roçaram uma porção de mato, assim para melhor descortinar o sítio, como para descobrir e impedir as ciladas do inimigo, que dias antes ferira sete ou oito dos nossos, atirando de dentro de basto mato, onde não era visto. A 30 os nossos entraram um pedaço pela terra, mas nada mais fizeram senão trazer um grande número de laranjas para refresco da companhia. Estando ao presente os navios concertados e bem providos de água e lenha, dali partiram aos 16 dias.Diligenciou o general remontar-se bordejando ao norte da ilha de S. Juan de Porto Rico para ir buscar de novamente as ilhas Caraíbas, no que empregou os dias até 10 de Fevereiro. Depois de se haver elevado à altura de 25 gr. e meio, foi descendo a pouco e pouco até que no dito dia veio tomar terra na altura de Dominica. Discorreu por costa a sotavento, o que não foi sem grande perigo, mas sobre a noite conseguiu montar a ponta ocidental da mesma ilha, e lançou ancora ao mar. Mandou dar uma vista a toda a costa da ilha; os nossos, montada a ponta do norte, encontraram à banda noroeste uma grande baía arenosa, mas sem ancoradouro, pois não puderam tomar sonda em distancia de um tiro de mosquete da praia. Estavam surtos os navios à banda ocidental ao lado de um riozinho, onde facilmente fariam aguada. Arredada dali obra de meia légua fica uma aldeia dos selvagens, que habitam esta ilha: é gente má, de quem vos não deveis fiar de modo algum. Diante do rio é mui escarpado, mas ao sul e norte dele há bom ancoradouro em cinco, seis, sete e oito braças de água, fundo de areia. O general mandou também alguns navios darem uma vista às ilhas vizinhas, e observarem se nelas havia alguma cousa que fazer. O vice-almirante em pessoa partiu para Guadalupe com o Nieuw-Nederlandt e S. Domingo e o iate Westcappel para Matinino. Estando a armada surta em Dominica, desfechou uma temerosa tempestade com travões e raios. À tardinha de 17 o general fez-se à vela, e à seguinte manhã era de través com a ilha Matinino; e por volta de meio dia tinha Santa Luzia a lessudeste consigo. A 20 ficava-lhe ao lado Granada; deitou caminho pela derrota do susudoeste com vento nordeste, ate que ao outro dia houve vista da terra firme. Depois do meio dia estava ao cabo das Tres Pontas; aqui o general deu suas ordens e sinais a cada navio. Colheram as velas e deixaram singrar os navios ao norte até que findou o quarto da prima, e então governaram com pouco pano ao oeste quarta a noroeste e oesnoroeste. Pelas nove dia manhã de 22, houveram vista dia ilha Margarita, para onde todos emproaram. O vice-almirante, chegando diante da baía, onde se levanta o castelo, endireitou para ela com sete navios ; o general, cujo desígnio era seguir para o norte, acompanhou-o, porque a gente