História ou Annaes dos feitos da Companhia Privilegiada das Indias Occidentaes desde o seu começo até o fim do anno de 1636.Vol. 30

Escrito por de Laet, Joannes e publicado por Officinas Graphicas da Bibliotheca Nacional

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detença o Dolphijn e três iates, que tornaram a 27, conduzindo alguns seiscentos homens, com que ficaram os navios bem providos de gente, pois anteriormente por falta de braços mal podiam fazer serviço.A 29 o general Adriaen Jacobsz, se passou a Comany, assim para presentear o rei e agradecer-lhe o seu favor, como e principalmente para movei-o a hostilizar os nossos inimigos. O rei fingiu tomar a peito as nossas cousas e querer debelar os Portugueses, pois estes negros são bastante espertos para procurarem tirar partido de tudo; e pediu que todos os nossos navios se fossem contra o castelo e a povoação, e os varejassem de balas sem cessar, pois fazia conta, dizia ele, que os negros ao serviço e mando dos Portugueses desertariam deles, e então poderiam ser facilmente cortados pelo ferro dele rei e dos seus. Os nossos o acreditaram, e, ao passo que o general seguia para Moree, para o efeito de carear os reis de Fetuy e Sabou, o almirante fez-se à vela e a de Novembro, e chegou à vista do castelo, perto do qual surgiu em uma meia lua ao oeste dele. Em chegando, deu alguns tiros contra o castelo, os quais foram por este correspondidos. Em os dias 6 e 7 salvaram-se bastante de um e outro lado, recebendo os nossos maior dano; mas o almirante não podendo entender que proveito lhe vinha de estar a atirar contra uma praça forte, assentou de se alargar e pôr-se fora do alcance da artilharia inimiga. No entretanto chegou uma canoa de Moree com cartas do general; dizia este que o inimigo estava bem fortificado no monte de Santiago, que pouco fundamento fazia em que e o rei de Fetuy pactuasse conosco, e hostilizasse os Portugueses, e o mais que dele esperava era que ficasse quedo entre os dois contendores, conquanto fora avisado havia o rei recebido alguns presentes (cousa que tem toda a influencia no animo destes negros) para o efeito de se haver em aparência como nosso amigo, e secretamente como nosso inimigo, e fazer-nos pela sorrelfa todo o dano e ainda que ele general não desconfiasse que o rei nos fosse hostil, todavia este trato com os Portugueses devia ser tomado em toda a consideração. O almirante e os seus não sabiam o que lhes cumpria fazer, e houveram conselho sobre o caso; o rei [^nota-33] porém persistiu em que não se continuasse no bombardeio. Enfim a 14, tendo o general sabido ao certo que o rei se mancomunara com os Portugueses, e havendo por isso que nada mais restava aos nossos que fazer ali, determinou seguir com os seus navios e juntar-se com os outros, para assentar-se no que se faria ulteriormente.Isto feito, o almirante Lam foi ter com os navios diante do forte Nassauw. A 20 a guarnição deste forte refez-se de gente, pois ficara mui desfalecida por causa daquele combate infeliz. Depois que a companhia se refrescou, o almirante partiu a 29 com a armada, fazendo tenção de tomar a ilha do Príncipe. A 12 de Dezembro porem viu que a havia escorrido, e resolveu navegar terra à terra até A linha, e então empregar todos os esforços por segurar a dita ilha. Ao meio dia de 14 avistou a ilha Corisco a leste quarta a sudeste consigo, era então em altura de 45' à banda do norte. A 16, como ainda não