História ou Annaes dos feitos da Companhia Privilegiada das Indias Occidentaes desde o seu começo até o fim do anno de 1636.Vol. 30

Escrito por de Laet, Joannes e publicado por Officinas Graphicas da Bibliotheca Nacional

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exceto três que escaparam a nado, conquanto dos navios à ponte não houvesse mais de uma hora de viagem a remos. A 3 um barco do inimigo foi se meter debaixo da artilharia do castelo, por, não o terem os nossos podido impedir. Um batel tripulado, que, contra as ordens do general, atravessara do fortim junto da ponte ao outro lado do inimigo, foi surpreendido por este e morta toda a nossa gente, menos um homem que fugiu a nado. Com quanto os capitães, já fazendo fogo, já guarnecendo as obras, e montando guarda, não se poupassem ao trabalho, todavia não era possível continuar a abrirem aproches pela pouca gente que havia, e mais faltavam engenheiros capazes, mestres de obra, mineiros, sem o qual pessoal não se pode bem acabar um cerco desta ordem. Os do castelo fizeram outra sortida, mataram o capitão Vseel e dez soldados, e feriram outros tantos. À seguinte noite e durante toda ela o inimigo trouxe us nossos em alarma, dando ora num ponto, ora em outro. O general, querendo tolher que não levassem provisões ao castelo, fez tripular dois bateis, e os mandou para a boca do porto. A 7 os nossos houveram um espanhol, que andava no mato; o canhão jogou bravamente contra forte; e abateu uma das torres dele, e danificou bastante o parapeito. Ao outro dia o general em pessoa, com três bateis bem guarnecidos de gente, foi ter à ponte, e destruiu cinco canoas do inimigo, sem o encontrar. No mesmo dia os nossos deitaram por terra certa torrezinha do castelo, donde o inimigo fazia grande dano com mosquetes e arcabuses de forquilha. A 9 o general tornou a sair com alguns bateis, e destruiu mais cinco canoas do inimigo. À noite o vice-almirante e o fiscal entraram pelo rio Bayamon, e incendiaram quatro ou cinco casas, cuja gente havia fugido. Ao outro dia nada ocorreu digno de menção a não ser que o general em pessoa foi observar de mais perto o castelo pelo lado do mar. A 11 entrou também no rio Bayamon igualmente para observá-lo, e mandou que três capitães saíssem ao mar. O dia 15 foi de preces. E porque houve notícia que o inimigo, por descuido da nossa gente, surpreendera e tomara um hotel diante do rio Bayamon, mandou general para lá sete bateis, a saber: quatro com oitenta homens para o dito rio; onde sendo eles chegados, o inimigo, que em número de cinqüenta tinha a vantagem de atirar de dentro da mata, assim os salvou, que tiveram de retroceder com perda de onze homens, e oito ou nove feridos; e os outros três bateis para rodearem por fora em demanda de uma outra boca do dito rio, que encontraram obstruída, pois o leito levantara-se bem três pés, quando alguns dias antes se havia notado que havia seguramente seis pés de água, com que mal puderam os nossos fazer passar um ligeiro batelzinho, e por não toparem os outros, que já se haviam retirado, tiveram de retroceder. Ao seguinte dia o general mandou dois bateis ao fortim do rio Bayamon, estes bateis encontraram o fortim cercado pelos espanhóis, e como nada obstante desembarcasse ousadamente a gente de um deles, o inimigo tomou o batel, e matou os homens, menus um, que apesar de gravemente ferido, refugiou-se no outro batel. O inimigo arrasou o fortim. Assim que, a pouco e pouco se ia este refazendo de bateis e chalupas, ao passo que os nossos cada vez