cinco barbatanas. A concha toda, cozida, torna-se de cor sangüínea, e a carne é apreciada pelos magnatas como a das nossas lagostas. Como nem pelo sabor nem pela propriedade alimentícia diferem delas, não as descreverei mais.POTÍProduz o Brasil várias espécies de camarões. Uns habitam em conchas e são menos procurados; outros vivem sem conchas, e designam-se pelo nome genérico de Poti. O denominado Gnaricurú é muito superior aos outros em beleza e qualidade; só apresento a gravura dele. Vulgarmente é chamado Camaron, que é de cor escura, seis pernas com três entrenós espinhosos e aculeados, com unhazinhas a terminarem em ponta. De perto da boca saem cirros; dois deles muito compridos, quatro mais curtos e delgados, com os quais segura o alimento. Freqüentemente, dos rios e da beira-mar, em quase toda época, mas principalmente nos meses chuvosos, são levados pelos pescadores à população. Cozidos, são de ótima carne e nada ficam a dever aos europeus..LIVRO IIISEÇÃO IIQUE TRATA DAS AVESAté aqui tratamos dos peixes; vamos agora falar das aves. Antes de começar, será útil dizer algo em geral sobre sua índole e conformação. Deixam-se de lado as galinhas, pombos e outros palmípedes, trazidos da Europa, que não sofrem grande mudança para melhor ou pior, salvo que nestas regiões quentes são mais prolíficos, e a incubação costuma operar-se em menos tempo do que no nosso país.Principalmente, vou dizer das aves indígenas do Brasil, quanto variam entre si e diferem ou convém com as aves do Velho Mundo. Considerando-se a variedade das plumas e a beleza das cores, elas não cedem a palma a nenhumas aves de todo o mundo; porém no canto são muito superadas pelas européias. Assim como algumas aves domesticadas fazem ressoar as casas com o seu chilreio, assim as aves silvestres enchem os bosques com as suas estridências; apenas se encontra uma ou outra que, com alguma melodia, agrade os ouvidos. Nos meses chuvosos a maior parte delas engorda, por causa da abundância de frutos e vermes. Nos meses estivais, voam para as margens dos rios, a fim de obterem alimento, ar e água; muitas então se tornam ribeirinhas e, aí,? ao se aquentarem ao sol, não evitam facilmente os laços e outros ardis dos caçadores de aves. Umas poucas, armadas de bico e garras, menos temem os seus inimigos e se confiam às cavidades das árvores ou da terra. Muitíssimas, porém, admiravelmente nidificam nas frondes das altas árvores e nas extremidades dos
Historia Natural Médica da Índia Ocidental
Escrito por Piso, Guilherme e publicado por Ed. Itatiaia. Ed. Universidade de São Paulo