da forma, índole e qualidade do ruivo declararam Salviano, Gesner e Matthiolo,1 pode aplicar-se a este nosso peixe, apenas com algumas ressalvas, sobretudo isto: que no Pirametára aparecem grandes manchas redondas, negras, em ambos os lados, e a cauda tem a extremidade dourada. Parece-se com o ruivo e o barbo, porque na extremidade da mandíbula inferior tem uma barba que se compõe de dois como cordeisinhos um tanto grossos. A cor do peixe da cabeça à cauda, enquanto vivo, é sanguínea; depois da morte se muda em ouro-amarelada. Esta mudança das cores, não somente Plínio, mas também Rondelécio e outros modernos a atribuíram, também, aos ruivos, mormente aos que são barbados e vivem no alto mar, como o nosso Pirametára que tanto na beleza da cor, como pela excelência do alimento supera em muito os que vivem em pauis. Tem a carne friável, com certa maciez e gordura; e por isso é menos durável, a não ser em conserva. Tem o fígado de cor branco-avermelhada, sem fel; por este motivo, prepara-se um condimento com ele.GUIRYBACÓEntre os peixes marinhos comestíveis, conta-se o Guirybacó, de corpo grosso, gordo, provido de muita e boa carne. É coberto de grandes escamas que brilham parte com a cor vermelha, parte com a cor prateada, com uma linha rubra da cabeça até a cauda. Preferem-no cozido, em vez de assado. Todas as vísceras são da mesma cor e conformação que as dos nossos aselos.
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Nota 83: Pedro André Mattioli (1500-1577), mais conhecido sob o nome de Matíolo, médico italiano, célebre pelos seus Comentários sobre Dioscórides.
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