como armas. É peixe marinho de carne muitíssimo tenra e gorda. Leva a palma aos demais peixes do Brasil pela excelência do sabor e nutrição, sobretudo quando novo. O que eu aqui mostro tinha apenas três pés de comprimento e foi trazido pelo pescador a minha casa; com os meus domésticos o dissequei, desenhei e comi depois de cozido.CUNAPÚ-GUAÇUO Cunapú-guaçu é chamado Meros pelos lusitanos; pelos nossos compatriotas Graeuwe Munnick, porque parece trazer um capuz na cabeça e é cor de cinza. Duvido que haja outro mais afamado que ele já pela excelência da carne, já pelo tamanho do corpo. Além de ser grosso e gordo, chega a seis pés de comprimento; um destes peixes, fisgado com um anzol ou arpão, era de tais proporções que conseguiu fugir, e ao próprio pescador, que cobiçava a presa, arrastou consigo para o mar, pondo-o em grande perigo de vida. Tem a cabeça grande, a bôca desdentada e circular, guelras arredondadas. A cauda é grande, quase quadrada. As escamas são medianas, de cor cinzenta, entremeadas de pontinhos negros, exceto o ventre, que é branco como toda a carne do peixe. Tem a carne sólida, sem ser dura, muito saborosa e nutritiva. É preparado de muitos modos, à maneira dos aborígines; serve de suficiente alimento a muitos homens.O outro peixe pelos lusitanos chamado Meros não é muito diverso deste, mas difere bastante na cor, que é avermelhada.
Historia Natural Médica da Índia Ocidental
Escrito por Piso, Guilherme e publicado por Ed. Itatiaia. Ed. Universidade de São Paulo