remédios que refreiam os humores biliosos e ardentes; mas devem usar-se, antes, xaropes e preparados de Murucujá, Ianipápa, limões, laranjas, Araçá Guajába, bem como figos da Índia, Ubapitanga, Mureçy, principalmente Tipioca, e os demais medicamentes fortificantes e refrigerantes. Administrem-se depois os seguintes remédios externos: fomentações e unções dos adstringentes e refrigentes; cataplasmas de beldroega, murta, Araçá, preparados de olhos de árvore Imbaíba; estes, preparados segundo a regra, com vinagre, e ministrados ao doente, estimulam o diafragma e aliviam o ventre e o ânus atacados. São recomendados clisteres do mesmo gênero (deixando-se passar algum tempo) e outros remédios amplamente descritos no capítulo da disenteria e inflamação do ânus. Porém, assim como estes remédios auxiliam, não raro são omitidos de propósito, por causa da angústia do tempo e da gravidade da doença, recorrendo-se com presteza aos soporíferos. Por fim, convém aplicar linimentos opiados na cabeça e no peito. Nada é seguro, se não se conciliar o sono por todos os meios. A cólera seca trata-se quase com os mesmos remédios, sobretudo aplicando-se ventosas córneas à região do fígado. Acerca destas eu atesto, com razão, o que Galeno mencionou a respeito de suas ventosas, que operaram como por encantamento nas dores de cólicas.CAPÍTULO XIIDA DISENTERIASeguem-se os fluxos acompanhados de febre e sangue, como a disenteria, o fluxo hepático e a inflamação do ânus. A afeção disentérica é muito comum nestas terras. Nasce principalmente de suores recolhidos por força do frio noturno e do vento mediterrâneo apanhado repentinamente. Também, do uso imoderado de frutos de pouca duração e bebida feculenta, com tempo quente e úmido. Esta excreção sanguinolenta, embora faça devastações por todas as Índias com igual veemência, não consta, porém, que jamais tivesse grassado
Historia Natural Médica da Índia Ocidental
Escrito por Piso, Guilherme e publicado por Ed. Itatiaia. Ed. Universidade de São Paulo