O Domínio colonial hollandez no Brasil

Escrito por Watjen, Hermann e publicado por Companhia Editora Nacional

Página 69


Realmente não se contesta que navegantes holandeses tenham por esse tempo realizado viagens ao Brasil para firmas portuguesas, hasteando por segurança a bandeira espanhola ou a portuguesa 1 Mas tais viagens não podem ser consideradas como empresas de conta própria. Enquanto os portos e mercados portugueses estavam abertos aos holandeses, nenhuma premente necessidade havia para estabelecer ligações diretas com o Brasil. Açúcar e madeiras de tinturaria, tabaco e peles podiam ser comprados por menor preço em Lisboa. Para que haviam os navios da Holanda de empreender longas e dispendiosas viagens marítimas, sujeitas a grandes perigos, quando os desejados artigos de comércio podiam ser adquiridos tão mais perto e mais comodamente? Como eram boas as relações que os rebeldes neerlandeses entretinham com casas de comércio em Lisboa, Porto e Viana, atesta-o um interessante documento de que primeiro se utilizou J. R. J. de Jonge: "Deductie, vervattende den oorspronck ende progres van de vaert en de handel op Brasil uyt dese Landen" 2. Se bem que tenha aparecido em época um tanto posterior, - no ano de 1622, - ocupa-se também de sucessos mais antigos. Na peça em apreço, os representantes dos negociantes relacionados mercantilmente com o Brasil, assim se manifestam aos Estados


  1. Nota 5: J. J. de Jonge opina em seu livro: "De Opkonst van het Nederlandsch Gezag in Oost-Indie" I, página 35, ("A origem do poder holandês na Índia Oriental") que a mais antiga "geregelde vaart op de Kusten van America door onze zeelieden" (navegação regular nas costas da América pelos nossos marinheiros) fossem as viagens ao Brasil. Já entre 1570 e 1580 haviam holandeses freqüentado os mares brasileiros e, em comum com firmas portuguesas em Viana e no Porto, entretido comércio com o Brasil. Em conseqüência das severas proibições de Phillipe, para aí navegavam os navios holandeses sob a bandeira de Espanha ou Portugal, e por conta de casas de comércio ibéricas.

  2. Nota 6: Esta peça se acha no maço (liaça) Admiraliteit 1622, Stat, gen. Nr. 5470. Trad. Da cit. holandesa do título do documento. - Exposição em que se contém a origem e progresso da navegação e comércio do Brasil com estas terras.