O Domínio colonial hollandez no Brasil

Escrito por Watjen, Hermann e publicado por Companhia Editora Nacional

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LIVRO PRIMEIROHistória externa da empresa holandesa no Brasil

[página 065 ]CAPÍTULO PRIMEIRODO APARECIMENTO DOS HOLANDESESNA COSTA ORIENTAL DA AMÉRICA DO SUL ATÉ 1629.A questão relativa à origem das expedições holandesas às Índias foi objeto de uma controvérsia muito interessante, pouco antes do começo da guerra mundial. O estudo das fontes revelara que a luta da independência dos Países Baixos contra Philippe II deixara imune, a princípio, o intercurso comercial holandês-espanhol que, no século 16, atingira a tão alto grau de prosperidade. Apesar do encarniçamento da disputa, Philippe por dezenas de anos tolerou em seus portos as embarcações de seus súditos rebelados, porque a península pirenaica não podia dispensar o trigo e a madeira por eles trazidos. Em troca os Holandeses recebiam os frutos do Sul, lã, mas principalmente os produtos indianos que lhes eram transmitidos na neutra Lisboa, e cuja venda no Norte da Europa tão belos lucros proporcionava. Quando o rei espanhol, depois da conquista de Portugal, dificultou o tráfico, quando começou a molestar os seus fornecedores de cereais da maneira mais desagradável, e, em 1585, como em 1595, numerosos veleiros neerlandeses foram confiscados nos portos ibéricos, entraram os insurretos em ligação direta com as terras das

especiarias (as Índias), a fim de que o lucrativo comércio não caísse nas mãos da concorrência inglesa ou hanseática. O procedimento do rei fez, portanto, com que os Holandeses começassem a seguir caminhos "daer sij anders niet eens op gedacht souden hebben" 1 (de que de outro modo não teriam cogitado). Esta, pode se dizer, intuição corrente dos acontecimentos foi no ano 1911 contestada pelo Professor Georg Friedrich Preuss, - historiador breslauense tombado no campo da honra, - em um pequeno trabalho intitulado "Philippe II, die Niederländer und ihre erst Indenfahrt" (Philippe 2.º, os Neerlandeses e sua primeira expedição às Índias) 2. Baseado em nova investigação das fontes e em argutas combinações Preuss chegou aos seguintes resultados: "A expedição às Índias foi exatamente o contrário de um ato de desespero, não foi absolutamente provocada por medidas políticas de restrição por parte da Espanha; pode e deve ser interpretada apenas como a explosão irreprimível da avassaladora confiança em si próprio, garante de soberbo êxito, deste povo marítimo, ao qual a luta de muitos anos pela existência autônoma havia acerado todos os músculos. Foi a conseqüência necessária de um ímpeto de desafogo, que visava quebrar todas as cadeias e ao qual as circunstâncias do tempo vieram juntar um novo e possante estímulo". A comprovação pareceu tão decisiva, a concatenação das idéias tão lógica, e as conclusões se afirmaram tão convincentes,


  1. Nota 1: Velius, Chronyck van-Hoorn (Ausg. von 1648), página 272, Conf. Fruin, Tien Jarenuit den Tachtigjarigen Oordog (O Ausg.), página 187 Crônica de Hoorn (edição de 1648) página 272, Fruin, Dez anos da Guerra dos 80 anos (6.a ed. página 187).

  2. Nota 2: Impresso primeiro na poliantéia comemorativa do centenário da Universidade de Breslau. Posteriormente publicada como opúsculo separado. Vaderlandsche Geschiedins en Oudheidkunde V. Reeks", pág. 102 ff. - Tradução.

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