Documentos Holandeses

Escrito por diversos autores e publicado por Serviço de Documentação do Ministério da Educação e Saúde

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ções; porque todas as cousas necessárias acima citadas estão muito estragadas e onde uma existe, duas ou três seriam necessárias (sobretudo as mechas, que chegam aqui tão mal acondicionadas por serem atiradas muito embaixo entre os barris, na água e no cisco, de modo que chegam mofadas e apodrecidas por não cuidarem delas como convém, durante a viagem, do que poderá resultar, em época de necessidade, estarmos expostos a perdas consideráveis; consoante dei aviso a Suas Graças de forma tão clara, causa dó ver que as mechas e à grande quantidade de víveres, às quais damos valor inestimável, não se tenha dado mais atenção) porque, além disso, as armas, víveres e outros materiais, por causa da chuva, da temperatura e do calor (sic) excessivo, não têm a metade da duração que têm aí e não podem, portanto, ser diminuídos; finalmente, merece observado que, não recebendo soldados-recrutas há um ano e mantendo as guarnições com contingentes capazes de repelir um ataque, não poderíamos reunir uma força tão considerável como um novo feito de armas tornaria necessário. Referem-se Suas Graças a seus pareceres precedentes relativos ao abandono da cidade; tais pareceres, entretanto, não permitiam abandonar a cidade antes de o inimigo desembarcar com uma força tão temível, que não houvesse meio de defendê-la por mais tempo, porque, não fora isto, se a ordem houvesse sido absoluta, a cidade já teria sido abandonada há muito tempo. Depois faz-se menção, na citada missiva, ao fato de que toda a prosperidade da Companhia consistiria na ocupação de Tamarica e Paraíba; não quero contrariar Suas Graças neste particular, mas suposto que nos apoderássemos daqueles lugares (embora, segundo acabo de demonstrar, não fosse tão fácil realizá-lo na conjuntura atual e com as forças de que posso dispor), acredito, não obstante, que o inimigo, lá como aqui, em vista da boa cultura do país, estará sempre em condições de prover-se de víveres e resistir a menos que se possa reunir uma força suficiente para expulsá-lo da floresta ou forçá-lo a um acordo; porque, ainda que experimentem uma grande perda com o impedir-se o seu comércio, isto não será de molde a fazê-lo entrar em acordo conosco, contrariamente às ordens expressas de seu rei.