Documentos Holandeses

Escrito por diversos autores e publicado por Serviço de Documentação do Ministério da Educação e Saúde

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Considerando estes incômodos e dando atenção as grandes despesas e encargos da Companhia, nada desejo tanto como o esperado choque com a frota espanhola ou com a força do novo socorro enviado a este pais, para mostrar que estamos fixados aqui tão solidamente, que, com a graça de Deus, nenhuma força poderá desalojar-nos, o que considero, depois de Deus, como o só meio de conseguir-se que os habitantes abandonem a idéia de socorro; além disto, os poucos víveres que bastam, atualmente, a seu sustento, não bastarão, então, as necessidades de tantas tropas, que, por isso, terão de receber de longe tudo de que precisem, circunstância que sem dúvida causará os maiores inconvenientes ao inimigo. Assim, espero que teremos oportunidade de atrair a nós os habitantes por meio de um trato desta nova conquista. Além disso, se se pode dar crédito aos prisioneiros, os próprios habitantes estariam bem inclinados a entrar em entendimento conosco, se dentro em 6 ou 8 meses o novo socorro da Espanha não viesse aliviá-los. Apoderarmo-nos de Paraíba, o que também nos é insistentemente recomendado, é empresa a que não podemos dar execução, agora que expedimos estes navios com soldados; e mesmo sem a notícia da aproximação da armada espanhola, seria impraticável, por causa do tempo de inverno com suas chuvas e tempestades, que tornam impossível uma invasão. Mas, acabada esta expedição naval, e vindo a estação de estio nos meses de setembro, outubro, etc., poderemos tentar, segundo as condições de nossas forças e das do inimigo, o que julgarmos de proveito para a Companhia, do que esperamos, com a ajuda de Deus, desempenhar-nos de maneira que Vossos Altos Poderes fiquem satisfeitos e a Companhia obtenha bons resultados. Apesar de todas estas dificuldades, não penso que as despesas feitas com esta praça tenham sido em vão, pois que ela se acha em tal condição, que, por mais temível que venha a força de Espanha, terá de sair-se mal, o que é o só meio de chamar à razão os portugueses; vendo sua frota retirar-se como veio e perdendo, assim, toda esperança de recuperar esta praça, o que lhes tirará também qualquer esperança de comércio e negócios com seus açúcares, tabacos e madeira, chamada brasil, de que uma grande parte se acha, por assim dizer, bloqueada no país, não tardarão a incli-