MEMÓRIA DOS DELEGADOS DOS DIRETORES DA COMPANHIA DAS INDIAS OCIDENTAIS NOS ESTADOS GERAIS
"Exhibitum", 23 de outubro de 1623. Aos Altos e Poderosos Senhores Estados Gerais das Províncias Unidas dos Países Baixos. Senhores! A assembléia dos XIX da Companhia das Índias Ocidentais, estando agora reunida em Amsterdam, julga útil constituir-nos delegados à Assembléia de Vossos Altos Poderes para cientificá-los, com o mais profundo respeito, de que esperam ter pronta para zarpar dentro de poucos dias a frota, que atualmente preparam, e de que, para isto, após copiosas informações, procederam à escolha de um almirante que assumirá o comando da referida frota, a saber, Jacob Willekens, de Amsterdam, que esteve outrora nas Índias Ocidentais na qualidade de almirante e que possui bons atestados da referida Companhia no tocante à sua conduta, prudência e capa cidade de administrador. As instruções em conformidade com a concessão já teriam sido para Ele organizadas, se o serviço da Companhia não exigisse sobre este ponto, comunicar-se posterior-mente com os senhores delegados de Vossos Altos Poderes. Nós o apresentamos respeitosamente a Vossos Altos Poderes para que a nomeação de sua pessoa seja aprovada por Vossos Altos Poderes, uma comissão regular lhe seja cometida e perante esta Alta e Poderosa Assembléia possa ele prestar o juramento de fidelidade a fim de que ao apresto projetado não se depare, por uma demora mais longa, nenhum obstáculo em seu andamento. E como aprouve a Vossos Altos Poderes, por carta de 12 de outubro, pedir à assembléia dos XIX, acima nomeada, que declare
se são eles de parecer que se aceite a fortaleza Nassau, na Guine, provendo-a, a partir de agora, de tudo que lhe seja necessário, ou se pague um imposto duplo sobre o transporte de produções que serão exportadas de lá, Vossos Altos Poderes haverão por bem considerar maduramente que a Companhia se acha ainda em embrião e que não se deve dar margem a que se desgostem os que dela participam ou a que o temor afaste outros da subscrição (sobretudo enquanto há ainda esperança de que grande número virá da França, de Veneza e da Itália), o que facilmente aconteceria nestes dias infelizes. Pedimos, portanto, muito respeitosamente, à Vossos Altos Poderes que hajam por bem ordenar aos conselhos dos almirantados que continuem ainda por um ano a prover a fortaleza. E como o Capitão Jan Alberts Rave, que partiu há cerca de seis meses, chegou a Hoorn, trazendo a bordo de seu navio sal embarcado em Tertujo e madeira embarcada em Buenos Aires, o que foi considerado útil pela supracitada assembléia, enviou ela comissários para velarem pelos direitos dos acionistas e dirigirem-se aos senhores burgomestres e magistrados da referida cidade, pedindo que a concessão com suas ampliações fosse ali mantida, ao que responderam os citados burgomestres que, no referente à questão da busca de sal, haviam sempre entendido e continuavam a entender que a isto devia ficar estranha a Companhia; que, quanto à busca de madeira, ao contrário, prestarão, a partir de agora, seu auxílio para impedi-la, mas que, não se havendo ainda reunido em sessão seus diretores antes da partida desse navio, e tendo, alem disto, sido lá publicada a concessão, a Companhia deveria, desta feita, desistir de tal empresa. Tendo-se-lhes pedido que dessem tal resposta por escrito, recusaram-se. A este respeito dirigiram-se os comissários ao bailio, pedindo-lhe autorização para embargar o navio mencionado, com a sua carga; também recusou, dizendo que, não estando lá publicada, nem afixada a concessão, não podia, sem abuso, consentir em tal procedimento. Sendo isto de grande importância e conseqüência, pedimos muito respeitosamente que hajam por bem Vossos Altos Poderes ordenar formalmente às cidades na região do norte e principalmente à cidade de Hoorn que não retardem por mais tempo o edital de interdição combinado por Vossos Altos Poderes em novembro último, fazendo publicá-lo imediata-