dois processos um tanto peludos. O corpo é coberto de uma crosta cancrina branca, lustrosa como um chifre polido; nas juntas, porém, a cor é um tanto preta ou purpúrea. Os pés são três de cada lado, isto é junto da terceira, quarta e quinta junta a partir do pescoço; são finas e de comprimento de dois dedos mais ou menos. A cabeça triangular do tamanho de uma azeitona, se oculta numa bela concha branca, de dois dedos de comprimento. De cada lado, junto à cabeça, acha-se um braço do comprimento de sete dedos, com quatro articulações, sendo a última parte do braço, a partir da última articulação, curva em forma de foice e guarnecida de nove dedos agudíssimos; ele pica com estes braços e quem é picado dificilmente se cura. Tem este crustáceo olhos salientes e alongados e uma barba cancerina óctupla; perto dos olhos, encontram-se duas proeminências, voltadas para trás, do comprimento de dois dedos, lisas, um pouco peludas, nas extremidades. Debaixo da cabeça, ainda há oito proeminências de dois dedos de comprimento com uns tubérculos largos, na extremidade. Pela parte posterior do corpo, encontram-se em baixo, umas como nadadeiras, que certamente servem para a natação e aderem ao ventre como folhas dobradas. Este crustáceo não serve para se comer. Nota. Na minha opinião, erradamente o autor se refere aos gafanhotos quanto antes se devem referir às Esquilas; além disso não se difere muito da Esquila, chamada Nartis a qual é descrita por Rodolêncio (lib. XVIII, cap. XI) com a diferença de que, na parte anterior, não se encontram pés e os braços não são ferrados na parte interior.
CAPÍTULO XXI Guarí curu. Carara pinima. Potipema. Paranacare. Potiatinga. Potiguacu. GUARICURU (termo indígena). Gammarus vulgarmente Camarão. Mede quatro dedos de comprimento. As pernas são seis com três articulações e uma pequena unha na extremidade. Na parte fronteira, acha-se um par de pernas como tenazes mais grossas do que as outras, fazendo as vezes de braços; do comprimento de um pouco mais de dois dedos. O par médio é do comprimento de dedo e meio; o último um pouco mais de um; todos são pontudos ou espinhosos. Encontram-se seis cirros, que procedem da boca; dois deles são muito longos, isto é, do comprimento de três dedos cada um, virados para a parte posterior; dois outros têm um dedo de comprimento e dois enfim, meio dedo. Debaixo da boca, acham-se quatro pequenas tenazes um tanto grossas e quatro tênues, com as quais ele segura o alimento. Os olhos são semelhantes ao dos outros; a cor é fusca. Serve para se comer cozido.CARARA PINIMA (termo indígena). Marinheiro (em português) porque sobe às árvores. Caranguejo pequeno, embora um pouco maior do que o Carara una, que sobe às árvores chamadas manges. Tem unhas agudíssimas embora curtas; sua figura é como a da Maotia pebuna mas com o corpo maior e achatado. As pernas, em número de oito, são mais largas do que as daquele mas os braços e os olhos são semelhantes. Difere na cor; a concha é preta, marchetada de pontinhos amarelos; o peito na vizinhança da boca, é preto; nota-se uma semelhança de um tecido finíssimo de linho. Os olhos são pretos, marchetados de pontinhos amarelos, não longos; as pernas são de um amarelo pálido rodeadas de umas fímbrias vermelhas e cobertas de uns cabelos fuscos; os braços são vermelhos e as tenazes são cobertas de grossos pêlos pretos.POTIPEMA (termo indígena). Camarão de longos braços. O comprimento do corpo é de quatro dedos; a grossura, onde é maior, tem a mesma medida; a cauda tem mais de quatro dedos de comprimento com seis articulações. As pernas são seis; os braços, dois, medindo nove dedos de comprimento; são arredondados, da grossura de um dedo humano mais ou menos com cinco articulações