CARAPO (termo indígena). Primeira espécie. Este peixe tem o corpo alongado com a figura de uma faca, isto é, o dorso é grosso e abaulado, o ventre, pontudo como faca, terminando também em ponta a parte posterior do corpo. Mede cerca de um pé de comprimento e dois dedos na maior largura. Sua cabeça é acuminada, mas comprimida; o lábio inferior, um pouco mais longo que o superior; a boca estreita com uma ordem de dentes, na parte inferior, e nenhum, na superior. Os olhos são mínimos, pretos, apenas do tamanho de um grão de papoula; as guelras estreitas, havendo, depois de cada uma, pequena guelra alongada. À distância de quase um dedo da cabeça, começa uma nadadeira ventral, tênue, estreita, estendendo-se igualmente, por todo ventre, até o fim do corpo, porquanto não tem esse peixe cauda ou uma outra nadadeira; suas escamas são medíocres. A cor deste peixe é fusca, anelada de um pouco de vermelho, mas no dorso e cabeça a cor é um pouco mais escura. Das guelras até o fim do corpo, corre de cada lado uma linha, como que traçada com a ponta de uma faca, havendo debaixo de cada uma, manchas pretas, esparsas na extensão do corpo, do tamanho de um grão de mostarda. É pescado nos lagos e serve para se comer. No Rio S. Francisco são apanhados peixes semelhantes a este Carapó, mas com a diferença de que são mais compridos e afilados na extremidade, como sovelas, tendo escamas pequenas, numa extensão de três dedos A segunda espécie de C A R A P 0 é semelhante à primeira na figura, cor e linhas, com a exceção de que tem só a metade da largura e é privada de manchas. É pescado este peixe nos lagos; a carne é cheia de espinhas mas de bom sabor.CAPÍTULO XV Piaba. Piabucu. Nhaquunda. Guebucu. Guara tereba.
(termo indígena). É um peixinho do tamanho do nosso Eldrize (consulte-se Gesner de Phoxino) do comprimento de dois ou três dedos (algumas vezes quatro ou cinco, quando maior) com olhinhos pretos, rodeados de um circulozinho áureo. Tem pequenas escamas e, no meio do dorso, uma nadadeira levantada, triangular; além disso, uma alongada, atrás de cada guelra; duas no meio do baixo ventre; uma, enfim, depois destas, estendendo-se até o princípio da cauda, a qual é bifurcada. De um e outro lada da cabeça há um certo brilho áureo e argênteo; o dorso é de cor verde argêntea e muito anilada; o ventre, áureo e argênteo e pouco anilado. Atrás de cada guelra, encontra-se uma mancha, redonda, um tanto grande, cor de anil, e logo depois desta, de cada lado, uma outra da mesma cor, em forma de lua crescente, estendendo-se até o começo da cauda. As nadadeiras e a cauda são de cor áurea; mas, vermelhas, as ventrais. É pescado este peixinho, em todas águas doces, correntes no Brasil e sempre luta contra a corrente. Os brasileiros o envolvem em folhas de arvores, e o guardam na cinza, colocando-o por cima do fogo; preparado desta maneira é comido, sendo o seu sabor não desprezível. Muitas vezes eu o comi.PIABUCU (termo indígena. Este peixinho mede seis dedos de comprimento e dedo e meio, na sua maior largura; tem o ventre um pouco saliente; olhos elegantes com pupilas cristalinas, rodeada de um círculo argênteo, mesclado em cima de um pouco de vermelho. Sete são suas nadadeiras, constituindo uma oitava sua cauda bifurcada, a saber: duas ventrais, depois das duas situadas atrás das guelras; uma, no meio do dorso; uma longa, perto do ânus, estendendo-se para a cauda; uma pequena, defronte desta precedente no dorso. Ê coberto este peixe de escamas brilhantes, argênteas; pelo meio dos lados, no sentido longitudinal, corre uma larga linha branca, não brilhante. Até esta linha, o dorso é azeitonado com certo brilho