quatorze dedos; o da nadadeira caudal é de mais de dois dedos. O corpo é redondo e a grossura é de vinte e dois dedos. Não tem escamas; a pele em todo o corpo é da cor de ocre pálido escuro, mas no ventre é branca a cor. Todo o corpo é munido de acúleos pequenos, um pouco mais longos dos lados e mais curtos nas outras partes (os mais longos medem dois dedos) redondos, muito pontudos na extremidade, agarrados à pele por meio de três inserções como triangulares. Entre os aguilhões a pele é marchetada de sinais pretos, exceto no ventre. Tem este peixe olhos grandes notáveis; a boca pequena arredondada, sem dentes e só quatro nadadeiras, a saber: duas laterais do comprimento de dois dedos e meio; uma dorsal na direção da cauda, do mesmo tamanho, uma menor debaixo do ânus.Pode ser chamado o peixe redondo por todo o corpo Murice de Gesner, pág. 745: porque seus aguilhões são semelhantes aos do Murice. Obtive um outro menor, vivo, em fevereiro de 1639 e dois outros também vivos em setembro. A pele deles era esverdeada fusca, no ventre era preta. Os aguilhões eram como os do primeiro e quase igual, a figura do corpo. Junto de cada nadadeira, tinham uma mancha preta, bem como de um a outro lado, perto da boca.Amarela era a cor das nadadeiras; um tanto negra a pupila dos olhos com um círculo amarelado. Acima de cada olho, encontrava-se um chifre fino, bem longo, mole, constituído por uma substância de natureza de pele o qual podia ser dirigido para a frente, na natação murcha-se, porém, quando está fora da água. Este peixe pode inchar-se e depois retrair-se. Produz um som - ulch, ulch. Para que se inche basta puxar a nadadeira dorsaLPIQUITINGA (termo indígena). É um peixinho de dois dedos ou um pouco mais de comprimento, da figura quase do Parabucú, do qual não difere muito, como logo passarei a dizer. Tem a boca pequena, mas pode abri-la e arredondá-la; os olhos são bem grandes, pretos com um círculo argênteo; amplas são as guelras; seis as nadadeiras e uma sétima serve de cauda. Estas são assim dispostas; duas, atrás das guelras, triangulares, sitas na parte inferior; duas unidas, no meio da parte inferior do ventre; uma triangular no meio do dorso; uma, depois do ânus; uma bifurcada, constituindo a cauda. A cor da cabeça é argêntea, brilhante, impregnada de cor olivácea na parte superior. Este peixe é coberto de escaminhas brancas, mas no dorso sobressai a cor azeitonada. Pelo meio de um e outro lado corre uma linha reta, larga, argêntea, brilhante até à cauda. Todas as nadadeiras são brancas. Difere do Piabucú, porque este cresce um pouco mais e a linha larga não é brilhante, ao passo que brilha o resto do corpo, justamente o contrário daquele. No mais é semelhante e serve para se comer.ARAGUAGUA (termo indígena). Espada de Scaligero, nos comentários da História Anima-lium, pág. 227, Xiphias (em grego) Sweert-visch. (em flamengo). Trata-se de um novo o que descrevo. Do occipício ao fim da nadadeira caudal, media de comprimento um pé e sete dedos; a grossura máxima (entre as duas nadadeiras laterais anteriores) era de nove dedos. O comprimento da cabeça era de dois dedos e meio tendo a mesma, a figura de um coração achatado, não grosso. Na sua metade, um pouco para a parte anterior, de cada lado, se achava um olho do tamanho de um "stufer", e depois de cada um, a uma distância de quase um dedo, um orifício (espiráculo) por onde a água é expelida.Debaixo destes, na parte inferior, se encontrava a boca com dois dedos de largura, com lábios agudos, como a lima sem dentes (o que nota Scaligero). Na parte inferior da extremidade da cabeça, em direção à espada, havia duas fendas de uma matéria internamente como guelras, com as quais certamente regia a espada, porque entre estas guelras, saia a espada de
História natural do Brasil.
Escrito por Marcgrave, Jorge e publicado por Museu paulista. Imprensa Oficial do Estado