CAPÍTULO III Pundiano vermelho, Pudiano verde. Juruucapeba. Jaguaruca. Carauna. Cururuca Guaibiaya. P U D I A N O vermelho, como se diz, ou antes bodiano, Aipimixira e tetimixira (termo indígena), é do tamanho de uma perca medíocre. Na sua largura, o corpo tem dois dedos e, junto à cauda um ou mais. A largura é quase igual, em todo corpo; a cabeça é pequena; a boca é pontuda com três dentinhos agudos, na parte antero-superior e com outros mínimos dentinhos interiormente, em uma e outra mandíbula. Tem este peixe olhos pouco salientes, com a pupila preta, circundada de um círculo branco e depois amarelo. Tem sete nadadeiras a saber: duas de mais de um dedo de comprimento não largas, situadas de cada lado, atrás das guelras; abaixo destas juntas no ventre; outra, no ventre voltada para a cauda, com dois dedos de comprimento, disposta longitudinalmente; uma semelhante, no dorso, medindo três dedos e meio de comprimento; uma sétima, enfim, servindo de cauda, a qual é quadrada, de um dedo de comprimento e outro de largura. É coberto de escamas sutis, tão intimamente unidas, que parece liso. A cor do corpo é amarela com mescla de áureo; o alto da cabeça e o dorso até o meio de cada lado e quase até o fim da nadadeira dorsal é de cor purpúrea viva, com algo de cor de laça; a orla extrema da grande nadadeira maior ventral, pela região da cauda, é também um pouco purpúrea, como o são inteiramente as nadadeiras vizinhas. As outras nadadeiras são amarelas com algo de áureo bem como todo o resto do corpo; a última parte da nadadeira maior dorsal é amarela como a cauda. Este peixe serve para se comer.PUDIANO VERDE (termo português). Peixe alongado, isto é, de dez dedos de comprimento, da extremidade da boca ao princípio da cauda, e com três de largura; junto à cauda, porém, a largura é só da metade. A boca é comprida, mas não larga, tendo, na parte anterior da mandíbula superior, dois dentes agudos e longos e uma série de dentinhos, e na inferior, quatro dentes dianteiros, longos, pontudos e uma série de dentinhos alvos. Os olhos são pequenos; a pupila escura, cercada de cor áurea e depois branca. Suas nadadeiras são sete, a saber: uma, ao longo do dorso, medindo seis dedos e meio de comprimento e meio de largura, que pode ser levantada e sustentada por meio das espinhas; uma, atrás de cada guelra, medindo dois dedos de comprimento e pouco mais de um de largura; duas ventrais, unidas e pequenas; uma outra, medindo quatro dedos de comprimento e um de largura, na extensão da metade do ventre ao começo da cauda; uma sétima finalmente, constituindo a cauda, com figura de quadrado ou de paralelogramo, medindo dedo e meio de comprimento e dois de largura. O corpo deste peixe é coberto de escamas largas, que se afiguram cubos justapostos de cor alaranjada ou áurea, tendo ao longo uma lista ou fímbria elegantíssima de cor azul ou cerúlea. O alto da cabeça é de cor áurea com uma grande malha de cor verde-mar, circundada de azul, marchetada de estrias amarelo esverdeadas e esbranquiçadas. Duas nadadeiras laterais ou atrás das guelras e duas brancas no ventre, com uma linhazinha azul celeste, na fímbria circular lateral. A nadadeira dorsal é de cor áurea, atravessada, no sentido longitudinal, por estrias achamalotadas de cor azul-celeste; a ventral, a maior, é de cor vermelha carregada, tendendo para o escuro com umas estrias de cor azul-celeste, no sentido longitudinal. A cauda vai do verde-mar ao azul e estriada longitudinalmente na extremidade. Este peixe é notável pela cor e serve para comer-se; é apanhado no mar.JURUCAPEBA (termo indígena), chamado também ITAIARA. Peixe de sete a oito dedos de comprimento e de dois ou três de largura máxima. A boca é bem aberta tendo a figura de um triângulo curvelíneo com uma língua fina curta. Dentes mínimos, os olhos são redondos com uma pupila cristalina e um círculo vermelho. De cada lado atrás das guelras, acha-se uma nadadeira do comprimento de dedo e meio, de forma quadrada, mas um pouco arredondada nos seus limites; debaixo destas encontram-se duas, unidas no baixo ventre; um pouco depois do occipício começa uma outra nadadeira, guarnecida de espinhas na metade da frente, e mole na parte posterior, que se estende longitudinalmente do dorso à cauda, alargando-se até um dedo, junto desta. Na parte inferior do corpo, em direção à cauda, ainda existe uma nadadeira pouco larga. A cauda também é formada por uma nadadeira
História natural do Brasil.
Escrito por Marcgrave, Jorge e publicado por Museu paulista. Imprensa Oficial do Estado