CAPÍTULO II Tajasica. Paru. Pira acangata. Acarauna. Guaperva.Piranema. Acarapucu. TAJASICA (termo indígena). Peixe do comprimento de oito ou nove dedos, de corpo achatado e piramidal, afinando-se em direção à cauda. A cabeça é um tanto grossa e achatada; os olhos salientes e pretos com um circulozinho áureo; a boca sem dentes. Tem seis nadadeiras a saber: uma longa em cada guelra, uma mais curta, uma no meio do dorso, um pouco mais longa, em direção da parte posterior do dorso; uma defronte na parte do corpo, outra finalmente, que constitui a cauda, longa e arredondada no fim. O corpo é coberto de escamas pequenas, cor de vidro claro com várias manchas escuras à semelhança de vermezinhos excetuando-se as nadadeiras atrás das guelras e o ínfimo ventre, que são de cor amarelo pálido. A cauda é coberta de cor escura. Este peixe costuma ocultar-se na areia e por isso pode ser apanhado com os pés, quando os colocamos sobre a areia onde se acha. Cozido ou assado tem bom sabor e se assemelha ao post dos holandeses, possuindo uma carne branca e friável.PARU (termo indígena). É um peixe largo e arredondado, pouco grosso, medindo nove ou dez dedos da boca às nadadeiras caudais que têm dois dedos e meio de comprimento e outros tantos de largura. A largura dele é de sete dedos. Tem seis nadadeiras; duas grandes e da largura de dois dedos mais ou menos; uma no dorso, outra no ventre, as quais se estendem de um e outro lado até à cauda, tendo cada uma certa proeminência no fim semelhante a uma cordinha na parte final. Esta proeminência mede no dorso cinco dedos e na do ventre três. Atrás das guelras, de cada lado, há uma nadadeira do comprimento de dois dedos e da largura de um, e debaixo destas há duas no baixo ventre finas e do comprimento de dois dedos. Este peixe tem a cabeça pequena, a boca levantada e apertada com dentes mínimos, de cor branca; olhos bem distintos rodeados de um círculo amarelo. O corpo é guarnecido de escamas medíocres, das quais uma metade é preta e a outra amarelada, de sorte que parece trazer umas brasinhas amarelas num corpo escuro. Junto das guelras, há uma mancha amarelada e na base das barbatanas, atrás das orelhas há uma mancha amarela, em cada escama. Este peixe serve para comer-se.PIRA ACANGATA (termo indígena) isto é, peixe de cabeça dura. É do tamanho da perca média ou harders, com o comprimento de sete ou oito dedos, boca não muito grande, olhos pretos, com um circulozinho mais escuros com combinação de cor áurea e ruiva. Tem seis barbatanas e uma sétima serve de cauda a saber: duas, atrás das guelras; duas juntas, no baixo ventre; uma, na direção da parte posterior do ventre e uma levantada seguindo o longo do dorso até à cauda, com firmes espinhas a qual ele pode ocultar numa membrana. A nadadeira da cauda é bifurcada. É revestido de escamas prateadas com certo brilho cor de ouro e fogo principalmente no dorso; no ventre sobressai o verde-mar, no meio do prateado. A nadadeira dorsal é cor de prata brilhante com manchas escuras; as laterais são brancas, e as do ventre azuis. A caudal é azulada na extremidade. Este peixe serve para se comer.ACARAUNA (termo indígena). Este peixe é do tamanho do parú mas não tão largo, tendo escamas de cor escura. A cauda se bifurca. As barbatanas têm três dedos de comprimento e dois de largura. Na extensão do dorso e no ventre tem este peixe escamas, barbatanas estendidas de um e outro lado, agudas, retas, da largura de um dedo na parte posterior do corpo. A boca é pequena, estreita, com dentinhos pequeníssimos. Os olhos não são grandes. Em ambos os lados, perto da cauda, há um agudíssimo ferrão que este peixe pode
História natural do Brasil.
Escrito por Marcgrave, Jorge e publicado por Museu paulista. Imprensa Oficial do Estado