HISTÓRIA DAS COISAS NATURAISLIVRO IV Dos Peixes do BrasilCAPITULO I Guamajacú apé. Suas duas espécies. Guacucujâ. GUAMAJACU APE (termo indígena). Duas são as espécies do peixe triangular Guamajacú-apé a saber: um com chifres, outro sem chifres. O primeiro mede, da boca ao princípio da cauda, sete dedos (algumas vezes, um pouco mais) e do ventre ao alto do dorso, três dedos. O ventre tem a largura apenas de dois dedos; a cauda, de um, terminando em uma nadadeira de dois dedos de comprimento e outros tantos de largura. Sua boca é pequena, da capacidade de um grão de ervilha, tendo, na mandíbula superior doze dentinhos finos e agudos e na inferior, cinco. Da boca aos chifres a cabeça se ergue, em forma de arco, com a convexidade de dedo e meio; o dorso tem também a mesma figura e, na parte posterior, junto da cabeça, possui uma tênue nadadeira. Os olhos deste peixe são largos tendo o diâmetro de um terço de dedo, situados, na parte fronteira da cabeça perto dos chifres, tendo cada qual, junto de si, um pequeno orifício.Tem geralmente cinco nadadeiras, a saber: uma, na extremidade dorsal, como disse; uma, de cada lado, abaixo dos olhos, dirigida para a região posterior do corpo, do comprimento de um dedo; uma de cada lado, junto de cada sulco, do comprimento de mais de meio dedo, em lugar das guelras; uma outra, no baixo ventre, perto da cauda; uma, enfim, constitui a cauda.Junto aos olhos, brotam para a frente dois chifres, do tamanho de um esporão de galo, e dois outros, de igual tamanho, no baixo ventre dirigindo-se para as nadadeiras.Este peixe não tem escamas, mas é coberto de uma pele espessa, branca, no ventre escura, no resto do corpo marchetada artisticamente, no ventre e dos lados até à altura dos olhos, por figuras triangulares, quadradas, pentagonais e hexagonais. Por todo o corpo, excetuando-se o baixo ventre, a mesma pele é marchetada de manchas negrejantes. Quamaiacu ape sem chifre. Na frente é um pouco menor que o precedente, mas tem o ventre mais largo e a cauda um pouco mais longa. Seu corpo é marchetado de figuras hexagonais com inúmeros tuberculozinhos; a cor do ventre é amarelada; a do resto do corpo éamarela
História natural do Brasil.
Escrito por Marcgrave, Jorge e publicado por Museu paulista. Imprensa Oficial do Estado