História natural do Brasil.

Escrito por Marcgrave, Jorge e publicado por Museu paulista. Imprensa Oficial do Estado

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Nascem glóbulos ou cápsulas redondas, do tamanho da semente do coentro, (Coriandrum), nas quais se encontra uma semente fina, arredondada, preta, do tamanho e figura da papoula; sua raiz é pequena, branca, filamentosa com o odor da raiz da salsa (Petroselinum). Consultese Androsace, em Mathiolus. Nota. Mathiolus trata da Androsace no lib. III, Dioscór. cap. [página 13]3, e dá dois desenhos dela, dos quais nenhum concorda com a planta delineada pelo autor; nem sei porque fez esta comparação, principalmente porque Dioscórides diz que ela tem varinhas tênues sem folhas.U R U C A TU (termo indígena). Planta que nasce em cima da árvore Urucari iba (*) sem raiz; mas quatro ou cinco folhas, largas em baixo, constituem um bolbo oval, do comprimento de cerca de quatro dedos, que contém uma medula da consistência e aparência de um unguento artificial; este bolbo é pingue, frio, verde-claro, com muitos filamentos subtís brancos, dispersos. Sobre o bolbo, nascem folhas isoladas, estreitas, mas crescem até à altura de um pé ou mais; em cima são um pouco mais largas, da figura de uma língua e semelhante à Squilla (cebola), verdes; cada folha tem, no sentido longitudinal, três nervos. Esta planta não produz flor, nem fruto; é inodora, como também a medula mencionada. Esta medula é fria, eficacíssima para acalmar dores; sabe-se experimentalmente que provoca o sono.

Capítulo XVII

Tajaoba e sua raíz Taja. Jaborandi Planta com aparência de alecrim. Mundubi TAIAOBA (termo indígena). (Sua raiz chamase Taja. Encontramse três espécies dela. A primeira de folha leitosa tem uma raiz orbicular, mas não tem bulbo; exteriormente é de cor encarnada, interiormente amarela; é do tamanho da cebola ou porro, com muitos filamentos em baixo, medindo três ou quatro dedos de comprimento; o caule é fusco; as folhas quase orbiculares e com uns nervos avermelhados.A segunda tem uma folha leitosa, a raiz orbicular como a precedente. Desta raiz brotam caules, em número de quatro, cinco, seis ou mais, cilíndricos, esponjosos, suculentos, verdes, grossos, medindo nove ou doze dedos de comprido. A cada caule se acha fixada uma única folha do tamanho e figura da erva sagitária, quando ainda a planta

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está nova; depois se torna triplo ou quádruplo maior, do tamanho das folhas da erva Petasites, tendo nervos salientes, verde e mole Como a couve (Brassica), cingida de duas veias nas orlas. Comesse sua raiz cozida como a batata; é doce, de notável sabor, como moscato (?) ou flor da violeta. As folhas de uma e outra espécie com caules grossos são cortadas e cozinhadas como verdura; facilmente amolecem e têm ótimo sabor. A terceira espécie não tem folha leitosa; possui raiz como as outras espécies; caule como a primeira, fusco; as folhas têm figura de seta, como a segunda espécie, porém mais estreitas, do comprimento de cerca de um pé; são de cor verde carregada em cima, alvacentas inferiormente, com nervo e veias verde-amarelas mas purpúreas no centro da folha. Esta espécie me florescia, no ano de 1640. Num caule longo (como o tem cada flor), achava-se uma única flor do tamanho de cinco dedos, branca, constituída por uma única folha, cuja metade superior era branca, assemelhava-se a um corpo elíptico, cortado no sentido longitudinal e como que cavado, em forma de bar ca. A metade inferior tinha uma abertura em forma de vulva; numa palavra, a flor tinha a figura de uma abóbora, presa, pelo meio, durante o crescimento. Pela metade branca da flor, correm por diferentes pontos várias regulas brancas das quais a parte que se acha na extremidade da flor, é um tanto purpúrea. No meio da flor, acha-se um estame da grossura de uma pena de pato, cilíndrico, fastigiado no ápice, do comprimento de um pouco mais de dois dedos e meio, formado por corpúsculos clipiformes, vestido de pequenos pêlos de côr lútea, que facilmente podem ser tirados. Estes corpúsculos são dispostos de tal maneira, que parece uma coluna, ou estame liso e redondo; estes corpúsculos são a semente. A flor não tem cheiro perceptível; fechada ainda verdeja. Depois a mesma planta trouxe flores. JABORANDI (Há várias espécies desta planta). A primeira (damos uma imagem dela) cresce ate a altura de dois pés; tem o caule lenhoso, redondo, nodoso a intervalos, tortuoso e desigual, de côr griséia; de uma raiz procede um, dois ou três troncos e se ramificam. A raiz não é grossa, mas se divide em muitas radículas ou filamentos; é amarela clara, na parte externa; alvejante internamente; de odor um pouco forte; de sabor acre como Pysetrum. Em cada râmulo, dos nós entrenós procede um pedículo de um dedo de comprimento com três folhas em forma de cruz, causando sensação semelhante à folha da Tília, moles, pouco pilosas, com um nervo saliente e veias oblíquas, do comprimento de um até cinco dedos, medindo outros tantos, na sua maior largura; não têm formato uniforme; verdes pálidas, um tanto esbranquiçadas inferiormente. Na extremidade dos ramos, acham-se muitos folíolos da figura de um venábulo apertadamente justapostas; bifurcadas em dois ramos como chifres; neles se acham flósculos brancos, formados por quatro folíolos; a seguir vem a semente, coberta por uma dupla pálea como o cânhamo, fusca, pequena, cordiforme, parecendo privada de uma parte lateral. A raiz serve contra venenos; dela fez uso pelo, que tinha comido cogumelos venenosos.PLANTA com aparência de Verbena (o autor não deu a imagem). De uma raiz reta, não grossa, dotada de muitas radículas laterais, brancas de gosto amargo, procede um caule anguloso e nodoso até à altura de pé e meio; junto de cada nó, nascem duas folhas opostas, do