verdes, na parte externa, estreitas, do comprimento de três ou quatro dedos; na parte interna por cerca de vinte alvíssimas, mais largas do que as verdes; no meio da flor, acha-se grande quantidade de estames amarelos, de ápices lúteos, esponjosos; no meio deles, encontra-se uma coluna amarela redonda, dividida e repartida em muitas partes. A flor tem um aroma brando enjoativo.Produz um fruto oval, do tamanho de Strobilus e da mesma figura, constituído por saliências triangulares.O fruto tem uma casca igual à casca da laranja; interna e externamente tem a cor elegantíssima da laça de Florença humedecida (as pontas triangulares são amarelas esverdeadas) ou, em outros termos, tem uma mescla de laça e cinábrio. No centro, acha-se uma polpa, cinzenta, clara, saborosa, cheia de sementes pretas, muito lustrosas, semelhantes em tamanho e cor, às de Aquilégia; come-se toda a parte interna.Vejam-se as outras espécies, nas descrições das árvores em que nascem.BELINGELA (termo português). Melongela (em latim). Tongu (em Angola). Macumba (no Congo). Duma raiz dupla ou tríplice procedem alguns caules, redondos variadamente curvados, lenhosos em parte rasteiros, em parte eretos; da grossura mais ou menos de um dedo mínimo de um verde purpúreo. De um e outro lado brotam as folhas de um pé de comprimento maiores ou menores, de sete ou oito dedos de largura, laciniadas, de cor verde escura, com nervo e veias purpúreas, como as de nossa couve e com o mesmo odor. A flor é de cor leitosa entrecortada de umas veias purpúreas claras, constando de uma única folha, que se desenvolve à semelhança de uma estrela de cinco ângulos; do tamanho de uma moeda de ouro holandesa. No centro, dez estames cilíndricos, de cor lútea, rodeiam um branco; a seguir vem o fruto, como uma flor entre cinco folhas, do tamanho de um pomo silvestre ou do fruto da coloquíntida e às vezes um pouco maior; é redondo, liso, lustroso, branco, na parte exterior, mas com muitas estrias verdes; algumas vezes também exteriormente é parcialmente de cor verde purpúrea e se torna amarelo quando o fruto está maduro. Interiormente a polpa é branca, contendo muitas sementes como o Sêsamo; nascem dois ou três mutuamente justapostos, cada qual em pedículo próprio. Come-se este fruto cozido com óleo e pimenta e tem o sabor do limão.Compare-se com a melongela de Dodoneus ou as maçãs malsãs. Nota. Esta planta não é semelhante à Melongela ou pomos malsãos de Dodoneus nem pelas suas folhas, flores ou frutos, como facilmente pode observar quem lê Dodoneus (lib. XV, cap. XXXI,) de sorte que nosso autor se enganou, nesse ponto. Faz menção da melongela Mathiolo, nas Dioscóride lib. 4, cap. 71, onde trata da Mandrágora. De fato, quando se observa bem, esta planta apresenta, quanto ao fruto maior semelhança com a Mandrágora do que com os pomos malsãos.
História natural do Brasil.
Escrito por Marcgrave, Jorge e publicado por Museu paulista. Imprensa Oficial do Estado