conforme foi dito acima; este foi saqueado pela tropa, e, como nada mais havia que fazer ali, atearam-lhe fogo.Voltando ao acampamento, incendiaram o povoado, com exceção da igreja, e partiram dali para Camaragibe; encontraram cm caminho algum gado (mas não viram o inimigo) e levaram-no à frente com cordeiros, até chegarem a Camaragibe, onde foram distribuídos pela tropa.Mandaram dali várias forças em busca de açúcar, mas não o acharam: por isso, o sr. Gijsselingh, junto com o coronel, e o commandeur e Carpentier, com os dois botes grandes e alguns pequenos, levando duas companhias, subiram o rio durante toda à noite por cerca de quatro léguas, até alto dia, e o canal era tão estreito, que não podiam remar por causa dos mangues, e, começando ali a ficar raso, resolveram retroceder.Sobre isso, digamos agora, uma vez por todas, esses mangues estão na maior parte ás margens de todos os rios do país, e são uma espécie de arvores ou arbustos, que baixam os seus galhos por terra, tomando novas raízes e estendendo-se para diante, de sorte que uma arvore, saindo de uma raiz, ocupa muito terreno, e impede que qualquer se aproxime das margens do rio, as quais quase sempre são baixas e a maior parte do ano ficam inundadas, ou que possa passar à vontade de um lado para o outro, a não ser limpando antes, com grande fadiga e despesa, as margens de ambos os lados e cortando os mangues.Ao regressarem, mataram a tiro muitas rezes para a tropa e destruíram muitas casas dos portugueses; voltaram ao acampamento à tarde, ao escurecer.Dois ou três soldados, que se transviaram da tropa, trouxeram alguns prisioneiros, que declararam que havia em Porto de Franceses uma boa partida de açúcar, e os nossos trataram logo de ir vê-la.Chegaram a Porto de Franceses pela tarde, mas, não sem perigo, porque o Recife, atrás do qual estavam, se estende até ao norte, e o vento era todo do norte, e a corrente seguia com força para fora, de sorte que os botes à vela não podiam navegar acima da arrebentação, nem os botes a remo puderam atravessar a correnteza; o capitão Maulpas chegou com um bote cheio de gente à arrebentação, e ter-se-ia afogado ali, se o commandeur não lhe mandasse um bote em auxilio e não descarregasse um tanto o outro. A chalupa Duysent-been, na qual iam o sr. Gijsselingh, o coronel e o conselheiro Carpentier, passou a arrebentação, e delia desembarcaram os passageiros em nu mero de 14, e ali foi ter apenas outro bote, com 10 ou 12 homens. Nessa fraca companhia tiveram de ficar até alta noite, e teriam de estar sempre de pé, se a costa estivesse tão freqüentada, como afirmavam; mas não viram pessoa alguma.Havendo desembarcado o resto da gente, mandaram forças para todos os lados, em busca de açúcar, as quais não longe dali encontraram um telheiro de palha no mato, no qual havia 74 caixas de açúcar. Depois disso, acharam um armazém com 37 caixas e outro com seis; mas, como esses dois eram um tanto distantes, e não tinham carros ou bois para levá-las, preferiram deixar
História ou Annaes dos feitos da Companhia Privilegiada das Indias Occidentaes desde o seu começo até o fim do anno de 1636.Vol. 38
Escrito por de Laet, Joannes e publicado por Officinas Graphicas da Bibliotheca Nacional