No dia 27, pelo meio-dia, partiu de Itamaracá o sr. Mathias van Ceulen, com o coronel, o tenente coronel, o major de Vries e outros comandantes das cinco companhias que seguiam com eles, e foram marchando pela praia até ao Recife, sem encontrar resistência alguma, a não ser que o inimigo deu um tiro aqui e acolá, mas sem ofender a ninguém. Depois disso, os srs. diretores delegados e oficiais superiores da milícia e da policia souberam e foram diariamente informados por muitos avisos unânimes e várias notícias e declarações de prisioneiros, assim como pelas advertências e pedidos de muitos portugueses que mostravam inclinação para os nossos, que o inimigo abandonara todas as suas fortificações nas Salinas e nas casas situadas mais próximo, o que assás dava a conhecer a sua fraqueza e má situação. E, como, ao mesmo tempo, os habitantes estivessem agora tão vacilantes, e muitos manifestassem desejo de ajustar-se com os nossos, e para tal fim nada teria maior influencia do que irritá-los contra Albuquerque e tirar-lhes a proteção do Arraial, julgaram que a ostentação da sua força diante do Arraial produziria algum benefício nos corações indecisos dos habitantes, que estavam abatidos por todas as espécies de prejuízos.Depois de porem tudo na melhor ordem, resolveram desembarcar dos navios 250 marinheiros, sob o comando de Cornelis Cornelisz, capitão do yacht Eenhoorn, como commandeur, e Jacob Huyghen, capitão do yacht Exter, como vice-commandeur, e juntamente arranjaram 100 negros, para a condução dos viveres e de outras coisas necessárias.Levantaram acampamento no dia 3 de Agosto, com 15 companhias e os mencionados marinheiros e negros, acompanhando-os o próprio sr. Johan Gijsselingh, para pôr tudo em boa ordem e ajudar na execução da empresa, e par tiram primeiro para Afogados. A's 9 horas da tarde, marcharam adiante as companhias dos capitães Cloppenburgh, Everwijn, Bongarson e Tourlon Júnior, para desalojar o inimigo da casa situada à margem do riacho, a qual sabiam que fora fortificada. A ordem foi executada, ficando nela o capitão Cloppenburgh, e as outras companhias alojaram-se nas casas e engenhos adjacentes; o inimigo mostrava-se de quando cm quando no canavial, sendo trocados alguns tiros. De manhã, ao nascer do sol, partiu o sr. Gijsselinghs de Afogados com as seguintes forças: - o coronel comandava a vanguarda, composta de quatro companhias, as dos srs. delegados, do coronel, do tenente-coronel e do capitão d'Escars; vinham em seguida os 250 marinheiros, com pás e picaretas; o centro era comandado pelo major de Vries e compunha-se igualmente da quatro companhias, as do capitão Picard, do comissário de artilharia, do major Tourlon e de Mortimer; vinha em seguida Abraham de Rouff, com os negros que conduziam os viveres; fechava a retaguarda o tenente-coronel Bijma, com as companhias do major de Vries, Wildtschut e Gartsman.Marcharam nessa ordem, por um mau caminho lamacento, até ao engenho de Francisco de Brito Machado, situado na estrada do Cabo para o Arraial, do qual se apossaram, postando-se ali o sr. Gijsselingh e o coronel. O tenente-coronel alojou-se no forte construído em parte pelo inimigo junto ao engenho
História ou Annaes dos feitos da Companhia Privilegiada das Indias Occidentaes desde o seu começo até o fim do anno de 1636.Vol. 38
Escrito por de Laet, Joannes e publicado por Officinas Graphicas da Bibliotheca Nacional