para afastar qualquer desconfiança do inimigo, virando novamente, depois de escurecer, para o sul, sendo o vento, à noite, de lés-sueste, com alguma trovoada.No dia 24, pela manhã, estavam a cerca de oito léguas da costa, pelo que navegaram para o porto de Camaragibe a oes-sudoeste, onde fundearam, pelas 9 horas, a oito braças, de água, em fundo não muito bom. Tendo desembarcado os últimos soldados, partiu pela meia-noite uma força de 40 homens, sob o comando do português Domingo Fernandes, e marchou para o norte; e, voltando pelo amanhecer, ao acampamento, trouxeram 10 portugueses, que haviam aprisionado a duas grandes léguas ao norte, ao longo da praia, em uma aldeia, na qual 50 portugueses ofereceram resistência em uma casa grande, morrendo 14 deles.No dia 25, ao amanhecer, um dos referidos prisioneiros seguiu com uma força, sob o comando do capitão Drossaert, para o sul, até um armazém, situado junto ao rio, onde existiam 29 caixas de açúcar e 4 caixas de tabaco, as quais mandaram embarcar por alguns marinheiros.O commandeur levou com esse fim três botes até lá e embarcou-as, sendo na maior parte açúcar mascavado. Foram deixados ali 25 fuzileiros, sob o comando do tenente do capitão Drossaert, e o capitão retirou-se com o resto da força para o grosso da tropa, que imediatamente partiu para o interior. Outro destacamento, com Domingos Fernandes, tendo atravessado o rio, marchou com o referido prisioneiro e alguns marinheiros para o sul, ao longo da praia, e, chegando cerca de meia légua do rio, seguiu para o interior, queimando em caminho algumas casas e prendendo a um homem montado a cavalo, que levou os nossos mais adiante a umas casas próximas do rio, bem providas de galinhas comuns e da índia e frutos, que os nossos saquearam.O prisioneiro português escapou-se à noite, e alguns homens vieram a cavalo atacar os nossos; mas, dando alarma o cometa, fugiram os atacantes, e os nossos voltaram pelo mesmo caminho, por onde tinham ido, sem ter saqueado e incendiado tudo. O inimigo, evitando-nos aqui e acolá e seguindo os nossos até à praia, fez fogo na retaguarda, mas sem ferir a ninguém, e voltou depois de meio-dia a chalupa grande; os navios, chegando mais perto da costa, embarcaram ainda 11 caixas de açúcar.No dia 27, os soldados da outra força reembarcaram; estiveram no dia 25 umas cinco léguas para o interior e foram até um engenho além dos montes, onde passaram a noite, tendo tido alguns feridos; e, depois de incendiar o engenho, no dia 26, voltaram à praia, tendo libertado três homens do navio Prins Wilhelm, presos na batalha do general Pater. Depois de pôr em terra alguns prisioneiros, fizeram-se à vela à tarde, com vento variável. No dia 29, pela manhã, perderam de vista o yacht de Vos, e o rio Camaragibe estava obra de 6 léguas a nor-noroeste; avistaram aí duas velas a nor-nordeste e dirigiram-se para a costa, a fim de tirar-lhes a carga, e viram que eram uma caravela espanhola e o Overijssel, que a perseguiam, mas, como a caravela era mais veleira, passou diante dos nossos a tiro de canhão e escapou-se. Depois disso, continuaram na sua rota, e fundearam, a 31 de Dezembro, no Recife.
História ou Annaes dos feitos da Companhia Privilegiada das Indias Occidentaes desde o seu começo até o fim do anno de 1636.Vol. 38
Escrito por de Laet, Joannes e publicado por Officinas Graphicas da Bibliotheca Nacional