Esta ilha é árida e pedregosa, com altos montes, difíceis de subir; há ali duas salinas e grande quantidade de cabritos, muitos cavalos, burros e também perdizes e outras aves; tem também água doce. Os habitantes são bandidos negros, cristãos, gente forte, com os membros bem conformados, moram no interior da ilha, e são, segundo informaram, em numero de 30, havendo apenas uma mulher; estavam mal vestidos e armados com meios piques e cutelos curtos enferrujados. Tinham por chefe um Amaro de Santiago, o qual reside a um quarto de légua a oeste; e têm que lhe dar anualmente sete ou oito mil peles de cabritos.O porto é do lado sudoeste; está situada a 15º ao norte do Equador.No dia 10, avistaram a ilha de S. Nicolau, que se apresentou de ambos os lados alta e montanhosa no meio.No dia 11, viram Santa Luzia, apresentando-se alta e cheia de montes recortados, com três penedos adjacentes; fundearam no dia seguinte no porto de S. Vicente. No dia 14, partiram dali porque não encontraram os navios saídos da Zelândia. No dia 15, viram a ilha del Fogo, com um monte que se eleva acima das nuvens e do qual, à noite, viram sair fogo.No dia 22, à tarde, viram uma vela ao longe, a barlavento, e dirigiram-se para ela. Não podendo navegar no dia 23, por causa da calmaria, o capitão Jan Jansz van Hoorn embarcou-se com 20 homens na chalupa, seguindo-o o tenente van Werven, no bote, com uma força de mosqueteiros e um pequeno canhão de bronze, atirando seis libras de ferro, e o Otter também tripulou o bote e fez força de remos para lá; chegando perto, viram que era um navio espanhol, com duas colubrinas e dois canhões pedreiros. Mostrou primeiro querer fazer alguma resistência; mas, quando os nossos descarregaram a pequena peça de bronze, os espanhóis desistiram imediatamente do combate e renderam-se. Chamava-se o navio. S. Pedro e Bon Homme e estava carregado com 147 pipas de vinho Madeira e algumas mercadorias e tripulado com 22 homens, destinando-se à Paraíba; para dirigí-lo, foi nomeado um capitão, com 15 homens.No dia 5 de Dezembro, passaram a linha; e no dia 14, viram o cabo de Santo Agostinho, e, indo por diante, chegaram ao Recife.No dia 15, o barco Oosl-Cappel saiu para ir cruzar em frente ao cabo de Santo Agostinho.No dia 18, à noite, partiram do Recife o Eendracht, o Braçk, o Vos, o Muyden, o barco Sandijck, a pequena barca, cinco botes, duas chalupas, e uma barca de carga, com as companhias do capitão du Busson, Drossaert e Rinckinks, e 140 homens, entre mosqueteiros e fuzileiros, sob as ordens, do commandeur João Mast no mar e do major Schuppe em terra; tomaram a direção do sul, com a brisa enchendo a vela do traquete, e, ao amanhecer, rumaram outra vez para o norte.No dia 19, pela manha, soprando o vento de leste, estavam ainda pertodo porto, e navegaram para o norte até próximo de Itamaracá, virando aproa antes do meio-dia para o sul. No dia 20, ao meio-dia, estando ao sul do cabo de Santo Agostinho, mesmo
História ou Annaes dos feitos da Companhia Privilegiada das Indias Occidentaes desde o seu começo até o fim do anno de 1636.Vol. 38
Escrito por de Laet, Joannes e publicado por Officinas Graphicas da Bibliotheca Nacional