História ou Annaes dos feitos da Companhia Privilegiada das Indias Occidentaes desde o seu começo até o fim do anno de 1636.Vol. 38

Escrito por de Laet, Joannes e publicado por Officinas Graphicas da Bibliotheca Nacional

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desse estirão, é todo de lama, e na extremidade há uma pequena ilhota baixa; estende-se dali para o sul, de sorte que é uma ilha comprida e estreita; a ponta norte está situada a 25° e 50'. Apanharam uma tempestade e, após ela, um vento de sul-sudoeste, brisa duradoura.No dia 12, ao meio-dia, avistaram a ilha de Guanahani, a qual está situada a cerca de 17 léguas de distância da Triângulo, a noroeste e sueste uma da outra. Esforçaram-se quanto possível para alcançá-la, e, chegando à distância de um tiro de colubrina, encontraram 12 braças de água, sendo todo o fundo de terra firme, e um pouco mais perto cheio de rochedos quase à flor da água, que mal lhes permitiam atingir a costa. O lado do norte estende-se na maior parte, de sueste a noroeste, quatro léguas, com uma praia cheia de areia branca e costa regularmente alta.Navegaram com a chalupa para a ponta noroeste, e acharam que o recife com o dito rochedo se prolonga da ponta noroeste da ilha tanto para oeste quanto se pode alcançar com a vista. Esses rochedos estão, em sua maior parte, à flor da água; são arredondados e sem arrebentação, de sorte que formam um recife perigoso. Do lado noroeste estende-se a costa quatro léguas para sul-sueste, constituída de terra baixa, plana e coberta de pequenas árvores; o terreno é todo arenoso, inconveniente para semear seja o que for. Encontraram no interior água salgada. No lado do norte, na terra alta, todo o terreno é pedregoso, coberto de árvores, mas nenhuma de valor. Essa ilha está situada a 24°, 50' de latitude. No lado Ocidental, encontraram na praia uma caverna debaixo de um rochedo, em cuia entrada havia muitas ossadas humanas e no interior uma cruz de madeira. Não encontraram gente viva ou animais; a corrente, junto a essa ilha, vai para leste; a maré aí baixa cerca de quatro pés.No dia 14, navegaram, para uma ilha, a qual viram que estava da ponta noroeste de Guanahani quatro léguas a oeste-sudoeste; acharam-na toda cheia de fossos e pântanos, e na maior parte, de rochedos. Havia algumas pequenas ilhotas, umas de meia légua de extensão, e outras maiores ou menores, as quais pareciam todas cheias de dunas, com pequenos arvoredos. Não puderam em parte alguma encontrar fundeadouro, porque todo o fundo do mar estava cheio de rochedos, quase à flor da água, oferecendo muito perigo ás embarcações, pois em águas tranqüilas não se vê arrebentação, e alguns estão situados a cerca de um quarto de légua da costa; é impossível, portanto, ancorar ali. Mantiveram-se ao longo da costa, que se estende para o norte, em curva; dali em diante, a terra é firme, e desse ponto podiam ver a ilha de Guanima. Dirigiram-se, no dia seguinte, a uma dessas ilhotas, para ver o que havia por lá, e só encontraram muitos pombos; deram-lhe, por isso, o nome de ilha dos Pombos. Era toda um monte de areia, e, segundo o cálculo a que procederam, tem um terço de légua de largura. Depois tomaram o rumo para Guanima, primeiro a norte quarta de nordeste, e cm seguida para o norte; o vento, antes do meio-dia, era de sueste, e, à tarde, sul-sudoeste, com pouca brisa. A extremidade de Guanima está situada a sul-sudoeste e nor-nordeste. A ilha tem, segundo calcularam, sete léguas, e na sua ponta nordeste existem três árvores; dali, estende-se a costa para noroeste, com duas ilhotas pequenas, que tornam fácil o reconhecê-la.