Chegou no dia 18 de Abril a Cabo Verde e, depois de descarregar algumas fazendas, partiu no dia 28; avistou no dia seguinte Cabo Roxo a leste quarta a sudeste; navegou ao longo da costa para procurar o rio Catchieu, encontrando de 10 a 15 braças d'água em fundo de argila; chegou no dia 4 de Maio em frente ao rio. Mandou o capitão imediatamente um bote para sondar o rio, encontrando na sua foz um banco de areia que se estende da terra firme para oeste e outro um pouco mais para oeste, com um quarto de légua de extensão, o qual fica na maior parte seco nas vazantes. Entre eles há um canal pelo qual se pode entrar no rio e na maior força da vazante acharam os nossos 7 a 8 pés d'água em fundo de areia e adiante, apenas à distância do um tiro de mosquete, se encontram novamente de 5 a 10 braças d'água em bom fundo. Subiram o rio cerca de uma légua e encontraram sempre profundidade, mas não viram ninguém.O rio tem a largura de cerca de um quarto de légua e de ambos os lados está coberto de arbustos verdejantes e entre esses algumas árvores altas. Na volta acharam no canal na ocasião da enchente 16 e 18 pés d'água.Esse rio é fácil de reconhecer por um ponto branco a oeste, no qual se acham quatro tamareiras, que se elevam muito acima dos arbustos, a mais oriental das quais dista um tiro de mosquete das outras.No dia seguinte sondaram o baixio do sul que fica a descoberto na sua maior parte na vazante. Há ali para a entrada no rio, um cômodo canal que não oferece menor profundidade do que 9 e 10 braças d'água Nesses bancos há na vazante forte arrebentação.Dirigiram-se dali para uma pequena ilhota ao sul quarta a sudoeste a fim de cortar lenha e fundearam em 5 braças d'água Quando estavam ancorados, veio na sua direção uma barca portuguesa, mas tendo-os percebido virou de rumo e os nossos deram caça, capturaram-na e trouxeram-na para o porto. Era pequena e vinha de Lisboa com destino a Catchieu, fazia muita água e muitas mercadorias trazia molhadas. Não obstante acharam nela em fazendas da índia e outras, segundo o cálculo que fizeram, o valor de 600 florins, além de 880 libras de velas e 320 libras de aço em barras.Desembarcaram a gente na ilha de Bissis situada a 5 léguas leste-sudeste do cabo Roxo.Os negros que moram nessa ilha são amigos dos portugueses, cuja língua falam, tendo mesmo estes ali uma povoação com uma capelinha. São robustos, alguns se vestem à portuguesa, outros usam apenas uma tanga de pano para cobrir as partes pudendas; são inimigos declarados dos pretos que moram na ilha chamada Bissegos e que eles aprisionam por vezes e vendem como escravos aos portugueses. Tinham boas armas: azagaias arcos e flechas, sabres com uns três dedos de largura, que disseram ser feitos por eles mesmos. Foram batizados por um padre português que ali mora. Partiram os nossos desta para uma das ilhas mais ao norte das Bissegos, fundeando no dia 11 a 4 braças d'água Dirigiram-se para terra num bote e lá viram alguns negros, mas estavam tão desconfiados que a princípio não puderam conseguir que viessem a bordo, não ousando também os nossos
História ou Annaes dos feitos da Companhia Privilegiada das Indias Occidentaes desde o seu começo até o fim do anno de 1636. Vol 33
Escrito por de Laet, Joannes e publicado por Officinas Graphicas da Bibliotheca Nacional
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