História ou Annaes dos feitos da Companhia Privilegiada das Indias Occidentaes desde o seu começo até o fim do anno de 1636. Vol 33

Escrito por de Laet, Joannes e publicado por Officinas Graphicas da Bibliotheca Nacional

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No dia 14 os nossos cortadores de estacas atravessaram o rio, do Recife para o outro lado, sob a proteção dos fuzileiros e de 500 mosqueteiros, de sorte que os portugueses os deixaram em paz.Dois dias depois o governador com o presidente De Bruyne, o tenente-coronel Seton e 400 homens foi examinar o Monte Vermelho e, voltando de lá, tomou o caminho ao longo da praia. O inimigo que estava observando do mato, deu uma descarga que matou um criado, que ia perto do governador, e um soldado. No dia 22 pela, manhã, antes de nascer o sol. o major Honcks partiu da cidade com 300 homens para garantir os ortadores de estacas, atravessando o rio cerca de meio dia. O inimigo, veiu de manhã e procurou impedir o serviço dos trabalhadores, pelo que houve forte tiroteio, ficando mortos três dos nossos e dois feridos. Os nossos aprisionaram um português, que declarou, ter vindo, havia três meses, de Portugal, tendo desembarcado juntamente com urna tropa de 100 homens no cabo de Sto. Agostinho. Assim os nossos ficaram sabendo que de vez em quando chegavam de Portugal reforços para o inimigo, que por isso também se tornava mais ousado e procurava hostilizar e apertar os nossos por todos os meios. O governador e o Conselho, tornando isso em consideração e procurando adiantar as suas obras para livrar de assaltos a ilha de Antônio Vaz, resolveram construir outro forte na mesma ilha é, perto das fortificações já feitas junto ao Convento, delinearam, iniciando as obras cora urgência, um forte de cinco pontas, ao qual deram o nome de Frederich Henrich. em honra ao ilustre Príncipe de Orange.O inimigo, tentando embaraçar as novas obras, veiu outra vez á ilha no dia 26, munido de bombas, esperando expelir os nossos das fortificações começadas e arrasar o que já estava feito, mas os nossos, presentindo-o em tempo saíram e o atacaram tão impetuosamente que o obrigaram a por-se em fuga, abandonando 19 marinheiros.Apesar de tão mal sucedidos, vieram os portugueses novamente no dia 11 de Novembro atacar a nossa gente, que estava ocupada em cortar estacas, mas os nossos fuzileiro, que antes se haviam emboscado perto dali, lhes deram um assalto c os fizeram voltar depressa para o Jogar donde tinham vindo, sem ter causado mal algum á nossa gente. Por todo esse tempo correram insistentes boatos, na maior parte espalhados pelos portugueses, de que Dom Frederico de Toledo vinha com uma esquadra muito grande e poderosa para nos expulsar á força do Brasil.Acreditando firmemente neles ou não achando de bom conselho despreza-los completamente, apressaram-se os nossos em provei' tudo em tempo para se manter no terreno conquistado, reforçaram as suas fortificações de forma suficiente para resistir a um vigoroso ataque e prepararam tudo de tal maneira como se contassem ter de suportar um longo e estreito assedio. O Conselho Político era, ao contrário, de parecer que convinha de preferência destroçar o acampamento de Albuquerque, convergir para isso todos os esforços antes que chegassem socorros de gente, munições e Tiveres, ficando assim livres de um inimigo, em terra, tão visinho e tão ousado; mas